25 de maio de 2016

Escrevia, escrevia. Escravo que é, sempre seria.


Escrevia,
como se a palavra flutuasse
atuasse
nas margens que imaginasse

ou na tal da entrelinha
sua e minha.
Cheio de quase
naquele vazio constante
pachorrento, intrigante,
que as palavras habitam.

A mente do escritor
é um grito taciturno
que não reconhece
que a vida se vive em turno.
Dia é dia, noite
momento de escrever
balelas,
e fica elas por elas,
de dia se quer a noite
de noite se procura velas.

Escrevia
não mais para Joãozinho
tampouco
para Maria,
mas por escrever
por não crer
que outro modo havia.
Por não crer.

A mente do escritor
de poemas sem grafia,
de poemas que afia
sua própria dor,
numa língua toda estranha
duma complicação tamanha
tão difícil de entender.

Afinal, poesia não é feita
para ser compreendida,
e ela mesma não é afeita
a ficar assim, assumida,
quer mesmo é dar trabalho
para quem lê (quem?) e quem escreve
pois, de tanto e tanto retalho,
questionar ninguém atreve.

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