25 de fevereiro de 2019
Ainda que o vigário volte - parte I
Adio meus pensamentos de maneira constante
Nuvens escurecidas atravessam quietas
Devoram vaga e lentamente. Um silêncio gritante.
Fecha as portas que antes estavam abertas.
É tudo cinza. Mas nunca me foi tão claro.
Um pouco de nebulosidade faz ver melhor.
Relembro os segundos, a intensidade de cor
Sentir-se só mais um. É sentir-se raro.
Pouquíssimas afirmações tão conclusivas
Deixando que a dúvida consuma o íntimo
Ao seu próprio passo, ao seu próprio ritmo.
Sentir-se como um qualquer, como qualquer um
Como um andarilho carrega sua cachaça
Como um pirata com seu papagaio e garrafa de rum
Uma formiga a habitar o que sempre passa.
É tudo cinza, já lhes falei isso? Certamente.
É tudo tão cinza aos olhos de qualquer gente
Ainda que alegre - alegria passa- é cinza
Ainda que o vigário sempre volte para rezar a missa.
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