27 de dezembro de 2018

Gambito e gambiarra



CPFL, bye bye
foot on the floor
pinho e geladeira
ai meus ais
tudo agora é Sol
e luz de poste,
Books, books, coffee, cold water,
os livros sendo lidos

e poemas são as únicas coisas
frescas 

Molusco



Séculos sentindo
isso e aquilo
sem saber se é
dor ou estilo

14 de dezembro de 2018

HaicaiNaModa



Viu e achou vil
modismos sendo
tocados num vinil

Rascunho de 10/12 meses



Que monstro horrível
tem se tornado
aquele que não consegue
ficar parado?

Ocioso. Olhando moscas
nuvens vagarosas
ventos sopram prosas
e deixam passar.

Frenético, só correria
nuvens já pensa chuva
sol já pensa noite
pensamentos evitam
sensações,
e deixamos passar.

9 de dezembro de 2018

Previsões natalinas


Discurso pronto
vindo de boca
alheia

escuta o tonto
de lógica pouca
organiza a Santa
Ceia

Chegando o natal
clima de festa

derruba o castiçal
fogo na língua santa
verbos se atacando
religiões em conflito

ah, que natal bonito!
 

8 de dezembro de 2018

6 de dezembro de 2018

"o repertório é diferente"



Desejo-te
coisa
alguma

longe
detalhes
encobertos

toques
sensações
olho a cópia

te sinto perto

4 de dezembro de 2018

Repertório Linguístico, analogia a frases de caminhões e palavras selecionadas



... ao passo que, para que se tenha um falante, é necessário que se tenha um ouvinte treinado para se comportar em relação ao conjunto de verbalizações de quem diz.

Deixo aqui a profecia: se nossa espécie sobreviver a longo prazo (alguns anos já são longo prazo nesse caso), possivelmente o Comportamento Verbal de tipo Vocal, tenderá a assumir aos poucos uma forma cada vez mais rudimentar, até que desapareça. E não me refiro ao estético. Tampouco ao que se mostra belo.
É que para haver utilidade no comportamento verbal, é indispensável um ouvinte: onde estão nossos ouvintes competentes? E nós, temos nos escutado? Servimos de ouvinte para o nosso operante verbal? Ou boa parte de nossas vocalizações somente são dirigidas a outros seres humanos? Se escutar é doloroso. Assim, não haverá função em se comportar verbalmente e a bolha ontogenética e particularizada será ainda mais recorrente, isolando aos povos e as comunidades.
E, se não temos nos escutado, ao outro escutaremos? Duvido por demais. Agora deixarei algumas frases análogas a aquelas frases de caminhões:



"Em um mundo de falantes, ouvintes são raros e caros"


"Quem não escuta, se oculta"


"Ligue a TV, leia as manchetes e seja feliz!"


"É que do ouvido se olvida..."


"O importante é falar bonito e convencer no grito"


"até o café tem açúcar para adoçar seu ego"


"um povo está morto quando abandona suas praças"


"escutai: não os ui e os ai, mas a senhora no ponto de ônibus"


"quem não ouve nem ou nem vê"


1 de dezembro de 2018

Uma continuação dos últimos versos após 1644 dias



Não encontro silêncio em local algum
nem em alto mar nem na garrafa de rum
a tristeza toma conta, embriaga meu olhar
sou um homem sem rumo, sem céu, sem lar

Viajo entre meus dias, ultimamente muito menos
ambulante, como era até o ano passado.
Me compreenda, correr demais deixa cansado,
gente velha - como nós - quer poemas serenos

Se ando sorrindo, é tanto disfarce
quanto o que tem a minha volta
caminho com quem não realce
a cara pálida, amarela e morta

Meu amigo, não encontro em nada
mas sei onde se resguarda a quietude,
sei bem, e fico entre a cruz e a espada:
quando é que tomarei a devida atitude?


... 
 
[é, tenho sido como onda do mar
tenho brincado de ser a maré
um momento isto há de me levar
a quem Lua sempre é]