27 de dezembro de 2018

Gambito e gambiarra



CPFL, bye bye
foot on the floor
pinho e geladeira
ai meus ais
tudo agora é Sol
e luz de poste,
Books, books, coffee, cold water,
os livros sendo lidos

e poemas são as únicas coisas
frescas 

Molusco



Séculos sentindo
isso e aquilo
sem saber se é
dor ou estilo

14 de dezembro de 2018

HaicaiNaModa



Viu e achou vil
modismos sendo
tocados num vinil

Rascunho de 10/12 meses



Que monstro horrível
tem se tornado
aquele que não consegue
ficar parado?

Ocioso. Olhando moscas
nuvens vagarosas
ventos sopram prosas
e deixam passar.

Frenético, só correria
nuvens já pensa chuva
sol já pensa noite
pensamentos evitam
sensações,
e deixamos passar.

9 de dezembro de 2018

Previsões natalinas


Discurso pronto
vindo de boca
alheia

escuta o tonto
de lógica pouca
organiza a Santa
Ceia

Chegando o natal
clima de festa

derruba o castiçal
fogo na língua santa
verbos se atacando
religiões em conflito

ah, que natal bonito!
 

8 de dezembro de 2018

6 de dezembro de 2018

"o repertório é diferente"



Desejo-te
coisa
alguma

longe
detalhes
encobertos

toques
sensações
olho a cópia

te sinto perto

4 de dezembro de 2018

Repertório Linguístico, analogia a frases de caminhões e palavras selecionadas



... ao passo que, para que se tenha um falante, é necessário que se tenha um ouvinte treinado para se comportar em relação ao conjunto de verbalizações de quem diz.

Deixo aqui a profecia: se nossa espécie sobreviver a longo prazo (alguns anos já são longo prazo nesse caso), possivelmente o Comportamento Verbal de tipo Vocal, tenderá a assumir aos poucos uma forma cada vez mais rudimentar, até que desapareça. E não me refiro ao estético. Tampouco ao que se mostra belo.
É que para haver utilidade no comportamento verbal, é indispensável um ouvinte: onde estão nossos ouvintes competentes? E nós, temos nos escutado? Servimos de ouvinte para o nosso operante verbal? Ou boa parte de nossas vocalizações somente são dirigidas a outros seres humanos? Se escutar é doloroso. Assim, não haverá função em se comportar verbalmente e a bolha ontogenética e particularizada será ainda mais recorrente, isolando aos povos e as comunidades.
E, se não temos nos escutado, ao outro escutaremos? Duvido por demais. Agora deixarei algumas frases análogas a aquelas frases de caminhões:



"Em um mundo de falantes, ouvintes são raros e caros"


"Quem não escuta, se oculta"


"Ligue a TV, leia as manchetes e seja feliz!"


"É que do ouvido se olvida..."


"O importante é falar bonito e convencer no grito"


"até o café tem açúcar para adoçar seu ego"


"um povo está morto quando abandona suas praças"


"escutai: não os ui e os ai, mas a senhora no ponto de ônibus"


"quem não ouve nem ou nem vê"


1 de dezembro de 2018

Uma continuação dos últimos versos após 1644 dias



Não encontro silêncio em local algum
nem em alto mar nem na garrafa de rum
a tristeza toma conta, embriaga meu olhar
sou um homem sem rumo, sem céu, sem lar

Viajo entre meus dias, ultimamente muito menos
ambulante, como era até o ano passado.
Me compreenda, correr demais deixa cansado,
gente velha - como nós - quer poemas serenos

Se ando sorrindo, é tanto disfarce
quanto o que tem a minha volta
caminho com quem não realce
a cara pálida, amarela e morta

Meu amigo, não encontro em nada
mas sei onde se resguarda a quietude,
sei bem, e fico entre a cruz e a espada:
quando é que tomarei a devida atitude?


... 
 
[é, tenho sido como onda do mar
tenho brincado de ser a maré
um momento isto há de me levar
a quem Lua sempre é]


 

28 de novembro de 2018

Olhares analíticos




Pequena observação
Esses meus olhos fundos
O espaço vago, e tédio,
Uma sutil distração e um aceno.
Ao lado, descansa o companheiro.
Do outro, riem os papagaios.
Nas costas, parede.
Na frente, um docente afirma
algo sobre o pai ser representado pelo cavalo.

Na minha mochila
tem café amargo
ideia genial para controlar
o consumo excessivo de cafeína.

Queria saber desenhar
desenhar-te
desdenhar-te
desde a arte
até ao bom dia.

Seu olhar não é profundo
o suficiente. Encanta
mas não mantêm tal feito.

Vai da história de vida.
Vai das contingências de reforçamento
anteriores aos meus frequentes passos
cotidianos em solo burguês, da época
de curso técnico,
de café por cinquenta centavos tomados
em torno das dez da noite, ao lado de pavões,
e aquela Lua que nunca se sentiu
tão bem.

Quando é que o poema termina?

26 de novembro de 2018

Personagem I - retratos de um pombo



E quantas vezes, olhando para o céu todo cinzento
não quis ser aquele pássaro?
O pombo que analisa o mundo pelo telhado,
parece muito mais civilizado que esse emaranhado
de variáveis a preencher minha solidão.

Tenho me negado a minha própria ilusão
não me parece viável chutar outra vez a pedra
e carrega-la, passo por passo, nessa estrada
longa caminhada em rota circular.

Tenho me negado aquilo que jamais abdiquei
(descrevo-lhe amigo, sinta minha lamúria
escorrendo pelas palavras ocas e secas que ecoam de minha voz),
sou aquilo que neguei? Sou mesmo isso?

O pombo, a decifrar as praças e os meios públicos
e eu, aqui, olhando o céu cinzento, as nuvens
que nem vejo formas. Tempos que ali havia algo.
Sou aquilo que neguei? Sou isso mesmo?

O profeta se alimenta de suas pregações:
anuncia a redenção e diz "arrependei-vos, pois ainda é tempo",
tempo de quê? para que? sou isso?
Jogai-me a primeira pedra, e deixarei cair a fé.

23 de novembro de 2018

Haikai que leitor nenhum entende




Minutos eternos
passam assim
estalar de dedos

Pedras afogadas



Me distancio, em lugar de Deus,
sou agora o observador supremo
atento aos movimentos,
dos humanos aos cupins
e dou a graça da interpretação
se, e somente se, houver
necessidade de me comover
com lamúrias de meus filhos
com as palmas nas igrejas
com as putas desse bordel
com as preces de meu povo.

Em função de Deus, ou de Deusa,
estou em todos os cantos e prantos
sem surpresa, sem sensações,
sou apenas uma constante do Universo,
não sou começo e fim, sou
a destruição e aquilo que recria.

Eis aqui a sua graça
beba da fonte da vida,
que também é fonte de morte
e do nem isso nem aquilo,
não sou caos, sou relação ordenada,
e faço do próprio caos, ordenação.

Não, não se esconda. Supõe agora
que as memórias se encontram em substratos?
Sou. E quando digo que sou, é porque o tempo
se ajoelha sob meus pés. As memórias são apenas
descrições temporais dos eventos. E em função de Deus,
sou o tempo para os eventos serem.

Pois sou,
o passado e o futuro
se unem
e se entrelaçam
em mim.

22 de novembro de 2018

A concha



ondas constantes
seguidas de uma suave calmaria,
contudo, o mar
quando calmo, atrai gente
até demais,
e as ondas voltam
ao que antes eram

20 de novembro de 2018

Velha




Tem uma senhora
vejo pela janela
todos os dias
ela vendo novela
na mesma hora
menos de domingo.

De domingo
ela dorme mais cedo.

Não tem novela
a reprise, da rotina,
é só na segunda.

19 de novembro de 2018

Gato II



gatos
lutam contra sua própria sombra
quando há o mínimo de luz

humanos
não?

18 de novembro de 2018

Gato

 
...

A vida
é essa
caixa
de areia
pulos
mordidas
e meia

Antropofagia Burguesa: ¡La puta hostia! - Parte II




Na boca, a hóstia desce seca
O rosto do fiel que pregaria Jesus na cruz
Lembra formas de dominação furreca
Pintar quadros de um semideus de olhos azuis.

Jesus era negro. Cabelo enrolado.
E comunista que era, dividia o pão.
Se estivesse conosco hoje, cansado
Estaria desse caos controlado e sacristão.

O Magistral Império Romano
Hoje, não tão glorioso,
Esconde por debaixo do pano
Dos seus bispos, o gozo.

Na boca,¡la puta hostia!

15 de novembro de 2018

Antropofagia Burguesa: ¡La puta hostia! - Parte I



Igrejas elegem seus deputados
é a festa do Reino dos Homens
de terno, brindam no lombo
de quem lhes garante a vida.


Igrejas elegem seus deuses
e profetizam a palavra nas mãos de juízes.
Eis o meu corpo, eis o meu sangue
jorrando pelos tribunais de Franz Kafka,
o processo sem fim.

Igrejas. Palavras tão próximas
dízimo e dizimar. Cobrar com o que é de César
cobrar com o que não é de ninguém.
Crucificar os programas sociais na cruz:
médicos cubanos são ditadores que atendem
senhoras e senhores esquecidos pelos de jalecos
brancos.
O pobre é o lobo do pobre. E poderia ser diferente
se os meios de comunicação e domínio estão sob mãos
invisíveis?

Poucas palavras e a multidão contente.
Sem médicos pelo interior, essa profissão
tão sólida para os que detêm o capital;
e, cada vez mais, o sal, como diria Ciro, desaparece
nos mapas dessa terra.

O processo sem fim.
A túnica vermelha para o batismo,
virá em breve.
O renascer. A fênix.
A fúria se fará ver. Previsível.
Revoluções surgem assim, meu bem.
 

Enquanto isso, tomai.
Faça o diabo feliz.
O poder pelo poder.
40 milhões de quase-humanos
e a alma, por um triz.


Comei: ¡La puta hostia!

12 de novembro de 2018

Definições: vida ou morte?



cinzas no ninho
felicitam o nascimento
pólvora e explosões
lamentam a morte:
vida, essa destruição,

quem, que corpo
tem, não quer,
aceita calada?
não, não, vida
escolhe se vive
não
o indefinido

definido por verbais
doutrinários;
quem é que segue
as ideologias mesmo? 

tal
qual
as propostas
que prefiro
nem
co-
comentar.

9 de novembro de 2018

Pesadelos



Tome meus pesadelos como presente. Cuide deles, como se fossem reais. Talvez ressurja uma gota de esperança em solo árido e insensível. Os meus sonhos, estes, são frágeis. Ao menos, são recorrentes e lentos. Há neles uma sensibilidade a longo prazo. Há em meus pesadelos, o imediatismo de nossos porões sociais.

Pasmem.

As vezes um haicai é eterno, e um soneto, falcão a soterrar céus.

Mundo aflora



Que como haicai
veloz passou:
o que para ti, sou

5 de novembro de 2018

Tus ojos




Essa coisa da vida
coisa nem lida nem ouvida
a duvida que (me) olvida

Lírios e coqueiros



alguém que vem do povo
que emana do povo
que é braço de Cohab
cinza que a obra negou
lançada ao mundo
no sertão das pedras
no interior do interior
sem capital

alguém que vem de lá
do morro que entre
2012 a 2014, subi, exausto,
em horário de putaria, 23h37min,
e sorria, sorria, e chutava o balde
(era delícia; cenas de trevas: luz natural).
 
que perambula sob o chão
que nasci
meu bairro
que é horta e terra,
que é porta e telhado

alguém que vem da comunidade
guria selvagem nos instintos
absolutamente perdidos
dessa pátria de poucos
vem
alguém que o povo confie
que no olhar, se vê guerra
e se encontra paz
 

4 de novembro de 2018

Mate

 
 
A vida, diferentemente do xadrez, só deixa o peão em xeque

28 de outubro de 2018

profetas são pessoas de carne



nem quando for
mesmo que fosse
se humano é
deus que não ouse

não há entre nós
renas ou trenós
há a crua
dureza da rua
ou mesmo da lua

a enfeitar
solidões

27 de outubro de 2018

Lê-gado



vou dizer lento
pra não dizerem
que dizer, é talento

deixo aqui o meu legado
trovas digo verso
humanos eu digo gado

risos eu digo pranto

lágrimas digo suor
olho ao meu redor

diabo morreu santo.

Esquizofrenia: Sartre, Hegel e Heidegger (2)



Confundir
condição com causa
mesmo que

tratar igual
o cu e a calça.

Modismos existenciais
tão diferentes entre si
e nos jargões, iguais.

A ignorância filosófica
má-fé, penso. E fica,
repetindo a mesma história.

Papinhos pós-modernistas
um aplauso aos sofistas:
recusam ciência pela pura crença.

Que angústia, não?

25 de outubro de 2018

Macri-cri-cri




Neoliberalismo? vide
o que está na esquina:
o caos na Argentina.

O sermão da montanha



Esse desconforto
que vivo, morto
que reto, torto

E só chove
que Sol, dissolve
que paz, estorve


E toda
que nada,
só moda

Porém
vem todos!
ninguém vem.

É como se
mas, foi como não,
se foi pé
vai ser mão.

24 de outubro de 2018

Sê, osso




ai, se fosse o intuito
viver ao avesso
incenso apagaria
dor.

se osso não fosse
seria um passo
um passo a frente
desse atraso.

ai, quanta lamúria
esse arraso,
dia dor de perna
noite dor de braço.

e, dorme,
aquela dor
que quieta
sê enorme.
 

23 de outubro de 2018

22 de outubro de 2018

O Liquidificador de Merda



Se não bastasse o tal do Bolsonaro. Se não bastasse a hegemonia tucana em SP por tanto tempo. Se não bastasse a idiotia coletiva que nubla a sensibilidade de meu povo. Se não bastasse - no que pelo visto não basta - o tal do Dória. Se não bastasse tudo o que tem ocorrido: os preconceitos, racismos, machismos, e tantos outros ismos. Se não bastasse o discurso anti-PT, tosco e infantil.

Há ainda o liquidificador. Vi-lo misturar tudo nessa semana. Todos os "se não bastasse" num liquidificador. Batido. Misturado em uma legenda que enoja mais que ovo cru em garganta sedenta: BolsoDoria...

O cúmulo.
O cúmulo.
O cúmulo.

A grande liquidação humana: sapatos




Os sapatos dialogam sobre o ser
barro, riscos, sons do pisar, cadarço
a coisa toda cheia de nós
alguns, limpos demais, ignoram
pés descalços dos alheios

confortável? alguns chinelos descansam
nos pés, outros no lombo humano
chamativos, fluorescentes, mortos de tanta
iluminação. Holofotes marcando as pegadas.

Os sapatos dialogam sobre o ser
são a síntese do operário e do burguês.
Os sapatos verbalizam tua condição,
são haikais desgastados, escondem bolhas
dores, ou mesmo, a sonoridade da elite.

18 de outubro de 2018

Parte I de minhas pitangas políticas



        Se o sujeito é incompetente a ponto de não saber ir a um debate ou mesmo debater, que destreza terá para assumir um cargo de presidente? Até Dilma Rousseff sabe discursar melhor que Jair Bolsonaro. Esse último, somente sabe dialogar com os capachos de Edir Macedo e outros pastores que usam e abusam do controle social.

 

         Contudo, a sociedade tem se habituado com a lógica do absurdismo disfarçada de crítica a esquerda. No momento, para os eleitores de Bolsonaro, tudo é comunismo, tudo é ideologia de gênero. Bolsonaro parece ter saído de um episódio de "Choque de Cultura". É uma piada; e, quem ri, não somos nós. São os do topo da pirâmide. A vida, essa circularidade estocada nas pirâmides sociais.


Oremos!

17 de outubro de 2018

A altivez é própria; a inveja, cópia





Vai-te verbo, Satanás,
atormentar outra poesia
Vê se me deixa em paz
a ti, sou péssima companhia

Pobreza: eis meu estado
Nua e crua condição humana
Um único pão por semana
Não se vive de pão passado

Vou-te verso, meu demônio
me esclareça em sonho
o que o sono escurece
e acordado, se esquece

Vem-tu, em pecado,
doce e deformado
no sofrimento aprazível
desse ser, insensível.

Vai-me-em-verbo, Satanás.
Nem de Deus nem de tu
serei capataz.

Numquam suade mihi vana:
sou-me escuridão
sou-me luz, quando assim
(eu) queira.
E, ainda que sem eira nem beira,
serei-me início e fim
certeza e contradição.

13 de outubro de 2018

A história é a mesma



Venezu
ela
tem
petróleo

Ira
que
tem
petróleo


ria
tem
petróleo

Afeganis
tão
tem
petróleo

Rúss
ia
tem
petróleo

Coré
ias
tem
petróleo

Cu
ba
tem
petróleo

Guate
mala
tem
petróleo

e você aí
achando que tudo
é culpa do comunismo.

e você aí
achando que privatizações
trazem algum lucro.

Repara bem
se EUA
ver petróleo ali
vai ali também
invadir
com militar
o shell petróleo
para os outros


Bra
sil
tem
petróleo

12 de outubro de 2018

As bolhas de Bolsonaro (texto de L.C.M.)

*Texto retirado do Blog: Meu Verbal


Bolsonaro é o candidato mais bem adaptado ao que eu creio ser o futuro das campanhas políticas. O candidato do PSL provavelmente sob orientação de Steve Bannon soube se aproveitar com maestria da natureza das interações em rede, que hoje em dia chegam a ocupar uma boa parte de nosso tempo. A questão é que não se trata mais das mesmas regras de quando as mídias tradicionais tinham monopólio da informação sobre os candidatos, a informação hoje circula de modo diferente e para que possamos entender como o candidato tirou proveito disso devemos  antes entender o que as redes sociais trouxeram de novo.
A TV tem por objetivo oferecer um produto que garanta a audiência do telespectador, quando se trata da TV aberta os telespectadores formam um grupo amplo, já nos canais da TV fechada os telespectadores formam grupos reduzidos. Tanto a aberta quanto a fechada modelam aquilo que emitem de acordo com o feedback fornecido pelos seus telespectadores, um programa é cancelado quando tem pouca audiência, notícias polêmicas, que são garantia de audiência, inundam nossos televisores, o único poder que tem o telespectador (se é que tem algum) é o de continuar assistindo ou não. Aqui é importante notar que o cidadão não tem um papel de emissor e/ou criador do conteúdo. Outra característica é que o conteúdo emitido pela TV atinge simultaneamente todos os telespectadores, e desse modo a chance de desagradar algumas pessoas é maior do que no caso das redes sociais (discutiremos mais adiante), sendo consequência disto um certo controle do conteúdo pela média do feedback fornecido pelos telespectadores. A mídia poderia, por exemplo, distorcer algumas notícias, mas não ao ponto de perder audiência, caso haja um descontentamento por parte do telespectador a retroação será sobre o conteúdo emitido.
No caso das redes sociais a questão difere drasticamente. O primeiro passo é entender que as redes sociais não são emissoras, ou seja, elas não tem um produto audiovisual que se modifica em função da audiência, o seu produto é mais sutil, ele é condição tanto para a emissão quanto para a recepção do conteúdo, seus usuários são "emissoras" e "audiência" ao mesmo tempo. Entende-se, então, que as redes sociais na verdade fornecem um meio, seu produto é uma ferramenta que se modifica pela eficácia e eficiência em seu uso, o Facebook, por exemplo, está sempre realizando modificações a fim de ser mais útil ao usuário. O usuário caso se rebele não será quanto ao conteúdo recebido, como nas mídias tradicionais, mas sim quanto ao uso da ferramenta. É a combinação do fato de as redes sociais terem como produtos ferramentas e estas ferramentas serem basicamente de interação que leva ao problema, sendo que ele se constituiu da seguinte forma: a rede social precisa que sua ferramenta seja de uso eficaz por parte do usuário e este será eficaz no uso somente quando tiver sucesso na sua emissão de conteúdo e na recepção de conteúdo, dessa forma as redes sociais acabam modelando seu produto de forma com que você seja sempre eficaz nas suas interações (o que difere da vida fora da rede), mesmo que para isso ela o engane exercendo um controle muito mais sutil. A ferramenta condiciona o homem. Porém que controle é esse, como ela condiciona as pessoas e quais as consequências disso?
O controle tem por base o reforço imediato dependente do emitir e do receber, por exemplo, quando uma pessoa envia  uma mensagem em um grupo de WhatsApp e rapidamente tem como  feedback do grupo mensagens de apoio, concordância, incentivos e etc. a probabilidade de ela enviar no futuro novas mensagens do tipo aumentam. Um importante efeito disso será que o feedback do grupo será sempre no sentido de receber mensagens do mesmo tipo, criando com isso redes de interação chamadas de bolhas ideológicas. Nelas haverá sempre uma baixa variabilidade no repertório de seus integrantes, sendo que qualquer coisa que fuja de uma estimulação positiva será punida por mensagens de discordância ou facilmente excluídas do grupo. O único requerimento para participar do grupo será o de concordar com ele, fazer rir para poder rir.
Atualmente há muitas bolhas ideológicas, sendo que até mesmo algumas ferramentas criam mecanismo para garanti-las, os algoritmos do Facebook garantem a eficácia da emissão selecionando previamente quem verá as postagens e garantam a boa recepção do conteúdo selecionando previamente a quem será emitido.
A grande sacada da campanha de Bolsonaro foi a de ter se aproveitado das características das bolhas ideológicas. Os grupos de WhatsApp, por exemplo, são bem representativos do que seriam as bolhas. Cada grupo pode ter até 256 integrantes, estes podem ser de qualquer lugar do país e ter como apoio qualquer tema, por exemplo, porte de armas, antipetismo, parada hétero entre outros. Sua equipe e apoiadores ao disseminar conteúdo nesses grupos fazem com que fragmentos da imagem do candidado circulem somente pelas bolhas onde seja vantajoso circular, sendo assim Bolsonaro não tem o risco de desagradar seus eleitores mostrando qualquer coisa que desagrade o grupo específico. Talvez seja por isso que o candidato se recuse a participar dos debates, há o risco de apresentar suas facetas de uma só vez. A  bolha terá o funcionamento já citado, seus membros terão baixa variabilidade no repertório e devido a um condicionamento diferencial passarão a se comportar de modo característico ao do grupo, este modo se caracterizará pela falta de debate e a exclusão imediata do que indica a posição oposta. Além do já dito, entende-se também o motivo de Eduardo Bolsonaro ter sido eleito com tantos votos, sua estratégia foi criar bolhas sobre temas específicos reunindo pessoas que antes eram incomunicáveis entre si, conseguindo um aumento de votos de 130% em relação a candidatura de 2014.
Embora não exista tantos dados a respeito do tema, procurei reunir um conjunto de forma um tanto rudimentar, mas que já oferecem alguns indícios.
Hoje o Brasil tem 147 milhões de pessoas aptas a votarem, 117.364.560 (79,67%) foram às urnas no primeiro turnoBolsonaro teve 49.276.990 (46,06%) dos votos válidos. A questão é que 81% dos eleitores de Bolsonaro são usuários de alguma rede e se levarmos em conta seus votos válidos serão cerca de 39.914.361 de seus eleitores. Desses 39 milhões 57% leem notícias pelo WhatsApp, cerca de 22.751.186 de seus eleitores, 61% leem pelo Facebook, cerca de 24.347.760 pessoas. O número de eleitores de Bolsonaro que compartilham notícias pelo Facebook é de 12.373.475 (31%), já pelo WhatsApp é de 15.967.744. Nenhum candidato chega ao mesmo número de pessoas, Haddad tem, por exemplo, apenas 59% de seus eleitores fazendo uso das redes, lembrando que seu número de eleitores é muito menor que o de Bolsonaro. Outra questão também são as fake news, uma pesquisa realizada pela veja mostrou que 67% das que se referiam ao candidato eram positivas, 22% negativas e 11% neutras, sendo que nenhum  dos outros candidatos tiveram o número de positivas maior do que as negativas.
Creio que o mais importante seja notar como que as redes mudaram a qualidade das nossas interações e como os candidatos tanto de esquerda quanto de direita - atualmente mais de direita - estão e continuarão tirando proveito de tudo isso.
 
 
 
*O texto é de um Blog de um amigo, analista do comportamento, contêm coisas de análise do comportamento, política, poesias, textos reflexivos, etc.
Para entrar diretamente na fonte, é só clicar lá em cima, no "Meu Verbal"

10 de outubro de 2018

Versos de classe I



Quanta violência
o brasileiro na aparência
diz não ser racista, diz não ser fascista
mas toda oportunidade que tem, meu bem,
apedreja e exorciza; lá vem, zé povinho,
dizer que político militar é bonzinho,
tá precisando isso aqui de uma revolução
cada operário com uma arma na mão
ao som de Racionais
lutar pelo socialismo e por nossos ideais
sim, tô cansado desse blá-blá-blá de burguês
que fica pregando que pobre aqui não tem vez

longe, perto,
um verso no peito acerto,
a mira do poema
nunca foi problema
o que se enfrenta nesse caos
é o ódio: o dilema.
A raiva ao negro, ao pobre, ao nordestino
parece coisa de cinema
mas vem lá de cima, é real, vem do homem fino
vestido de terno
ao pobre dá esmola
e retira o caderno

tudo, tudo anda assim diferente
os malucos fecham o vidro
finque que andarilho não é gente
minha fé na humanidade se esvaindo 
os problemas do mundo e os merdas sorrindo
na fila do café
pagando seus impostos
bando de mané
o verso, aqui descontrolado
é por ter esses burguês
andando do meu lado
cê não tem noção da raiva que eu sinto
quando rico tem dois pratos na mão
come os dois e deixa o menino faminto

na rua, só quem vai na rua
conhece a realidade
miséria, pobreza dessa sociedade
e você aí na tua
tomando sua cervejinha
tá errado não, mas para pra pensar
você fuma sua erva em paz
se nego faz o mesmo, diz que tem que apanhar
tudo em ti parece tão contraditório
sua vida parece vivida para um auditório
não tem a menor consciência de classe
não deixa a oportunidade passar e quer todo o realce
se liga playboy, mas, é, o que eu espero de ti?
a burguesia é podre, foi na sua cara que eu vi

se liga, acorda pra vida, chega de jornal nacional
não pode ver um playba que já quer pagar pau
o mundo gira gira gira, uma hora tu desce
vê se não esquece
foi eu que te avisei
rico vagabundo, tem a vida de um rei,
mas nem tudo é eterno
quem nega esmola é o homi de terno
não o operário com a cerveja da lata
esse ajuda o outro, mesmo que falta
o pão de cada dia
mas não deixa de fazer o outro sorrir
quer viver em sintonia
com quem
com quem sempre lhe ajudou
posso até subir na vida mas não esqueço do que sou

porque o mal do pobre
que sobe na camada social
é bancar o esnobe
e esquecer seu ideal:

um mundo igualitário
começa com você, otário,
se o outro pede esmola, isso já é humilhação,
vê se dá o dinheiro e não fica de sermão,
tem jovem que parece pastor de igreja evangélica
fica de sei não, fica de migué, e cás ideia cética
suspeitando do sujeito sem nada
não vê no olhar que a pessoa tá cansada
de tanto andar perambulante
só querendo uma sombra
nesse instante.

O papo é prolongado
por isso preste atenção:
se nóis já foi gado
e cresceu, é pra ajudar o povão.

Não pra ficar julgando quem tá no crime
quem cheira, quem bebe ou quem queime o filme,
a vida é só esse mar de circunstâncias
analise o ambiente e  não fique de intolerância,
respeite o bêbado que cai na rua
se não for pra ajudar, fica na tua.

8 de outubro de 2018

Haikai: balança mas não cai



Salva o Brasil, o nordeste
aqui pra baixo
difícil achar um que preste

(Não sou petista
mas tendo em vista
o abismo na nossa frente
voto em qualquer ente,
ditadura nunca mais).

6 de outubro de 2018

Desequilíbrios espelhados no tabuleiro


Escrever
sempre foi
impreciso

não de hoje
essa dor
igual a de siso

o xadrez
jogo de azar, segundo a segurança do shopping,
é conforto
outra vez

café em demasia
forte, diferente
dos versos dessa poesia

barulho mesmo
quem faz é a chuva
ainda
coisa toda turva

 

5 de outubro de 2018

O Sermão de seus pensamentos



lá vem
aquele
que não
quem

lá foi
aquilo
que nem
oi

lá no fundo
esse troço
que só
imundo

lá no raso
esse abraço
erro crasso
dá espaço
para o tempo

lá vem
com sorte
a vida
em semana
cheiro
de morte

1 de outubro de 2018

Obséquio é a puta que pariu (versos afinados e afiados)



De tantas palavras, deixam a poesia escassa
por obséquio é a puta que pariu;
poesia é ocupar casa abandonada e praça
pois, convenhamos, há de se preencher o que anda vazio

Vago, todo nosso preconceito social
família tradicional brasileira é vizinha no quintal
ajudando a criar o filho do homi que sumiu
pelo cercado dos fundos: ninguém viu

bolsa família tá aí: alvo de murmúrios e protestos
migalha jogada aos pobres, resto de outros restos:
enquanto o rico, esnobe, tem auxílio moradia
tem mansão, tem vale-terno e disso ninguém pia

pois sim, índio tem que ter suas terras
tem demais o fazendeiro e senhor feudal
homem branco quer fazer paz com novas guerras
quer recitar metralhadora no sarau

aborto
nem escrevo
já olha torto

aborto, sim, é questão de saúde pública
burguesia aborta onde entende
pobre, todo mundo repreende
cada mulher decide sobre seu corpo
e isso não há quem me tire: é lei única.

Gente que agride mulher, que defende a ditadura
a sanidade já perdeu, vive nas barbas da loucura

De tantas palavras, deixam a poesia escassa:
não adianta deixar sujo o cu e limpar a calça.

Essa poesia, por exemplo
não se inscreve na política:
papinho moralista é lá no templo
onde pastores e padres apoiam o Velho Testamento
(aqui atesto, que esperar desses? Meu lamento)

só a discussão pública é que fica


De tantas palavras, deixam a poesia escassa
é querer sanar dor com mais desgraça.

Espero, um dia, Waldens, sociedades planejadas
onde a luta seja por pessoas amadas, não armadas.

29 de setembro de 2018

Estudantes bolsistas do Brasil, (Pro)uni-vos, vós não tendes nada a perder a não ser vossas bolsas de estudo



documentos empilhados
carteira de trabalho
holerite
(parece até crime isso daqui)
imposto de renda
imposto de ausência de renda
declaração de moradia
documentos assinados no cartório
cópia de tudo, até da cópia
(além de não ter grana
tem que atestar semestralmente.
Aos olhares de julgamento
deixe notas de lamento.
Aos murmúrios, brade:
burguesia pobre de valores
burguesia tola e covarde.

tem quem queira tirar décimo terceiro
tem quem defenda o discursinho de democracia
glória, glória, glória
tem que privatizar a ração escolar
tem que privatizar a água da Sabesp e o ar
ou, estoca-lo.
Aqui não. Ele não.
Babar ovo em juizinho de primeiro grau?
auxílio-moradia pra quem tem casa?
se arme com argumentos e livros
não com objetos de doutrinação e fetiche social.
Arma, nem a pau.

Os playba que pagam sete mil por mês de faculdade
gritam e protestam "queremos o fim das cotas".
Épocas atuais de ignorâncias remotas.

Tem horas que penso, prato também voa, se eu quiser,
mas, me controle,
esperar o que de uma burguesia direitista?
ôôô, que porra! diria Tom Zé.

A tucanada do interior de SP
vota em qualquer fascista que vê.
Por preconceito e imoralismo
vive abraçada ao cinismo.
...

fone de ouvido
um amigo apresentou
canção do Racionais
"Carlos, Carlos Marighella"
que letra, que letra.

Deixo-vos, operários,
os versos desse homem.
De poesia, "urubu".


Pairando pelo espaço onde quer que pressinta
carniça, podridão, matéria decomposta
essa ave original de cor preta retinta
o cheiro da imundice alegremente arrosta.

Vem descendo depois. Já não é uma pinta
escura na amplidão do firmamento exposta.
Vem descendo inda mais, cada vez mais distinta,
até que no terreno o corpo feio encosta.

Desde então principia a ceia horripilante
e belisca a esterqueira e grunhe a cada instante,
sacudindo-se toda, inquieta e assustadiça

Assim como o urubu há no alto muita gente
poderosa a fartar que, entanto, moralmente
só consegue viver à custa de carniça

21 de setembro de 2018

Momentos do dia - entre rúcula, mates e casa das máquinas



A poesia morreu?
Ou - segredo fácil -
quem morre sou eu?

Os versos na avenida
depressa descritos
são velozes e bonitos?

Ou - se espante -
a poesia é perna
de plebeu e infante?

Rei protegido no tabuleiro
cavalo avançando e em defesa
qual será a próxima presa?

Antes do Xeque-mate
algumas jogadas e o olhar
de que virá obra de arte.

A poesia morreu?
Não.
Tem rúcula na geladeira
e carne no congelador.
Tem Casa das Máquinas
na caixinha de som.

Pisca, pisca, pisca.
Certo sim, Seu Errado.

O demônio é o anjo ao lado?

20 de setembro de 2018

De que Messias estamos falando?

 
 
Escuto dizer com frequência: o voto é secreto. Porém, é de saber comum que as consequências do comportamento de votar, essas, não são secretas. Inclusive, são de fácil previsibilidade, a depender das políticas públicas do candidato em questão.

Uma excelente forma de conhecer as propostas de seu candidato/ de sua candidata é ler o projeto de governo dele/dela.

Claramente, os preceitos morais estão em jogo nessas eleições: Bolsonaro tem sido apoiado por Evangélicos e Católicos, em sua maioria. Homens, brancos e com formação acadêmica também são grupos que estão a eleger o sujeito em questão.

Faço um apelo a coerência de pessoas que estão nesse grupo religioso, a saber. Por favor, analisem as propostas. Não é meu intuito questionar seu voto. Meu intuito é questionar valores. É questionar os interesses e ideais. É questionar as consequências do nosso comportamento. É possibilitar um momento de reflexão, mais do que de discussão.

Costumeiramente, em seus discursos, e de seu vice, palavras de ódio são proferidas contra grupos sociais. Não só minorias. Ele já declarou seu ódio para com as mulheres. Por diversas vezes, inclusive.

Bolsonaro é a favor do porte de armas para a população. Me dirigindo aos amigos evangélicos e católicos que acessam o Blog: Jesus, enquanto pessoa, defendia a paz e o respeito, não o ódio, o armamento, a ignorância. Não apedrejar os que pecam, pelo contrário, ajuda-los para viverem uma vida de paz, amor e sabedoria. Jesus oferecia a outra face, multiplicava os peixes, atendia os interesses dos pobres. Bolsonaro apoiou as reformas do Temer, prega a segregação, atende os interesses dos bancos e ricos. É esse o modelo a ser defendido?

Bolsonaro defende privatizações, em excesso. Defende a política do "quem tem mais, paga menos; quem tem menos, paga mais". É justo tirarmos dos mais pobres? É justo doarmos o que é público para os interesses dos magnatas do poder? Se uma estatal não está funcionando direito, há de investir e corrigir os problemas, não simplesmente vender os bens públicos. Essa ideia de "reduzir custos", na verdade, é de extrema ignorância. Ficaremos reféns dos interesses exploratórios do mercado, dos banqueiros, dos que não dão a cara a tapa. O serviço público não tem funcionado direito porque o investimento tem sido baixo. O SUS não é um problema, é uma solução. Se privatizarmos tudo, acreditam mesmo que as empresas privadas vão se preocupar com quem mais precisa, com o povo, conosco? Bolsonaro é a versão Temer Popular.

Bolsonaro, além de tudo, desconhece o valor do contato social, que as igrejas conhecem bem, pois trabalham a cooperatividade e a ajuda mútua. Recentemente, o candidato em questão, defendeu que as crianças sejam educadas em casa, argumentando que na escola pouco aprendem. A ignorância tem seus custos. A escola não é somente um lugar de aprendizagem de matemática e português, é lugar de convívio e partilha. Lugar de civilidade e convivência. Jesus, novamente faço esse apelo, ensinava na Sinagoga, atraia multidões para partilhar com eles palavras de amor, conforto e gratidão. Não por menos, foi crucificado por isso. Os docentes, por muito tempo, estão sendo crucificados por isso. Um verdadeiro professor, Jesus sabia o valor social que o conhecimento trazia.

Eu poderia enumerar outras quinhentas mil coisas. Como por exemplo o fato da equipe de Bolsonaro ter espalhado, por diversas vezes, notícias falsas para prejudicar outros candidatos. Jesus, ao contrário, repudiava a mentira e, além de tudo, ensinava o que hoje se chama de caminho da verdade e da vida.

Não caiam em propaganda de marqueteiro de político. Os valores morais que Bolsonaro diz defender, são incoerentes com todas as suas práticas. Não sou religioso, mas tenho fé de que a humanidade não se deixará ser guiada por práticas subversivas. Muitos tem me dito que vão votar nesse cidadão por ele ser anti-PT. Não é necessário votar em alguém só por ser contrário a algo. Existem outros candidatos, outras propostas que certamente podem e devem ser estudadas por cada um de nós.

Não sou contra quem vota no Bolsonaro, penso que é preciso entender os porquês de tal prática tão prejudicial a nossa nação. Apenas repito, principalmente aos de religião evangélica e católica que estão a ler: pense em seus valores, pense nas consequências desastrosas que podem ocorrer. Espero que a religião seja uma forma de trazer paz, amor e solidariedade ao mundo. Não um mecanismo de exploração e alienação. Não é com preconceitos e ódio, tão disseminados na campanha desse sujeito que mudaremos algo. Jesus, Bashô, Cruz e Souza, entre outros, como Leminski nos revela, eram profetas de boas palavras, de boas práticas culturais, de amor e cooperação; não de preconceito e ódio.

Por fim, deixo um verso do Paulo Leminski, para que seja claro o óbvio que vos comunico:

"Eu, hoje, acordei mais cedo
e, azul, tive uma ideia clara.
Só existe um segredo.
Tudo está na cara".