31 de outubro de 2015

Racionalidade

Dê carinho ao cão, ou amor,
e esse lhe será eternamente fiel.

Dê carinho ao homem, ou amor,
e esse lhe questionará o que está
querendo, afinal.

Eis o homem racional, o ser
que perdeu o bom senso da vida.
O animal sem humor.

30 de outubro de 2015

A tristeza na felicidade

Uma alma escurecida
arranca do ambiente
toda e qualquer vida.
Um espírito inteligente
atormenta os acomodados
por mais silencioso que esteja
o cheiro paira no ar, podre
de profunda malícia.

Um único deus em fúria
greco-romano como deve ser
envenena a luxúria
retira dos homens o prazer.

Uma única tristeza
arranca a beleza
da feiura aplaudida.

Suum Cuique!
O triste é só tristeza
pajé não é cacique.

Uma alma escurecida
encontra na mais tola
felicidade
o motivo de sua tristeza.

29 de outubro de 2015

Achado do achismo...

O meu achismo, ego exacerbado, dono da razão,
e meu coração, não sei por que, não aceita crítica
mesmo aquelas ferrenhas, mesmo que por mímica
tudo o que quero é o que na minha razão fica.

O meu achismo, acho o que bem quero
e dos outros, pouquíssimo espero
na verdade, para ser de todo sincero:
o achismo dos outros é refrão de bolero.

O teu achismo, ri do meu achismo
contudo,
o teu abismo é maior que meu abismo,
vai fundo!

o teu achismo ai, o teu achismo!
Vai, segue o rebanho
enquanto de ceticismo
me banho...

28 de outubro de 2015

Ao persistirem os sintomas a poesia deverá ser consultada II

Caro consumidor, não leia
a bula. Ela fala demais
não existe verdade meia:
nenhuma verdade trás paz.

Caro consumidor, qual o sintoma?
leia Huxley - uma pílula de soma -
ou leia uma dose de Capra:
não julgue o livro pela capa.

Caro consumidor, persista
perante a dor que exista:
a poesia deverá ser consultada
quando não se sente nada.

Caro consumidor, ficou surpreso?
ninguém que nada sinta
sai na verdade da dor ileso:
dor nenhuma está extinta.

Caro consumidor, eis o óbvio!
a poesia que ninguém viu:
todo mundo cheio, imenso vazio.

Caro consumidor, eis o concreto!
a verdade abstrata é o certo
e ao persistirem os sintomas
veja e consulte o sábio
ou o sabiá:
esqueça os diplomas nas paredes.

Caro consumidor,
não se consuma pela dor
em suma: eis o amor.

As vezes o sintoma é a poesia:
e a dor é apenas, do acaso, cortesia.

27 de outubro de 2015

Fracassos

Quero ver:
se orgulhar dos seus fracassos
andar no vidro com pés descalços
saber errar quando tem que errar
amar quando tem, e deve, amar.

Quero ver:
dar valor mais ao conhecimento
do que ao estampado diploma,
curar e não apenas suprimir o sintoma,
isso é paciência, não é talento.

Quero ver:
se orgulhar do seu fracasso
reconhecer o seu erro,
construir passo por passo
e chorar nesse desterro.

Pois quem vive apenas de vitória
tende a guardar na memória
somente o que lhe vangloria:

eis tua glória, a vida vazia.

26 de outubro de 2015

Igreja Universal da Fosfoetalonamina

Venho comunicar, por meio de poesia,
para não ser tão insensível:
não existe pílula mágica
não existe cura instantânea,
na Igreja Universal da Fosfoetalonamina
o diabólico Chierice
e seu religioso medicamento
fazem a festa, ganham dinheiro.

Ignorantes apelam para o emocional
até o placebo curaria uns ou outros.
O Governo mais tolo ainda, pensa ser capaz
de burlar toda a ciência.

Fórmula mágica?
Eis a ciência: estudos demorados
felizmente demorados, testados, comprovados
antes que se tornem religião
antes que se tornem questão de fé.
Mas o brasileiro é ignorante, em geral,
e se alimenta de teorias da conspiração.
Vide Olavo de Carvalho, e Lobão.

25 de outubro de 2015

Outros poemas

As palavras que faltam
são poemas não escritos
certamente, os mais bonitos,
que os olhares apaixonados exaltam.

Não escreverão outros poemas.
Nem os melhores poetas
só as flores e os horrores,
os olhares e os amores.

Sorrisos não estampam folhas
não dão títulos nem prosas
mas são nossas escolhas.

Os poemas nascem e morrem:
só caderno de infância é eterno
brotam na primavera
adeus, dizem no inverno,
mas tudo o que se espera
é que os versos encerrem.

O que não é escrito
só se fala
ou se cala:
torna-se rito ou mito.

24 de outubro de 2015

23 de outubro de 2015

Rascunho de um Chino IV

A: O mundo evoluiu tanto, rapaz!
B: Se bem me lembro, meu netinho disse que estamos no auge da evolução, nunca fomos tão sábios e ricos!
A: Oxi! Num é que cê tá certo! Somos os animais mais evoluídos. Seres pensantes, racionais, pois é.
C: Com todo respeito sinhoris,  num tô querendo chorar as pitangas da vida, mas os patrão teria um trocadinho pr'eu pode comê? Que Deus abençoe patrão.
A: ...
B: Pois é!

22 de outubro de 2015

Rascunho de um Chino III

Subtítulo: A queda do que chamamos mundo, em um poema meio infantil.

Vem lá do alto!
Vem só de lá!
Vem num só salto!
Vem...

pois só de cima
vem em queda
nem só rima
a poesia herda!

Vem lá do alto
assalto? não,
só a queda
em ascensão!

O mundo cai
será que agora
darão valor
ao meu haicai?

Meu bem, mesmo
que exista demora
qualquer hora é hora
de um novo fim,
pra tudo recomeçar
assim:
em três versos
o Yang
abrindo espaço
para o Yin.

E fim.
Recomeço.
De novo
talvez
pelo avesso.

21 de outubro de 2015

Rascunho de um Chino II

A ciência segue
tão racional!
nunca ausente
mas tão cega de si,

por mais que negue
todo esse mau
ele nitidamente
está ali.

20 de outubro de 2015

Rascunho de um Chino I

Meu lado Yang, berra
na diplomacia dos sonhos
na anarquia da minha
fortaleza científica. E sou cheio
de regras, estou cheio delas.

Meu lado Yin, é poesia
doce e amadeirada, a natureza
segue, seca de sonhos
(dos meus sonhos)
consternada de tantos demônios,
o fogo se alastra, o fogo
é a força humana, insana
quanto mais desenvolvida.

Leviatã.

Meu lado Yang sabe chorar
meu lado Yin sabe odiar
meu lado Yang sabe amar
meu lado Yin sabe que saber
nem sempre é necessário.
E, apesar de tantas diferenças,
a paz e o caos dormem abraçados,
lá fora, a diferença
é que nos torna comum.
"Equilíbrio e dinâmica". Não sei quem é o criador da imagem, mas fica os parabéns pela criação.

19 de outubro de 2015

Diálogo IV

A: Não temos a primavera
somente lágrimas e dores
morreram as belas flores
e perecemos na espera.
Mas o mundo muda
e voltará a antiga estação!

B: Rapaz, não te iluda,
não magoe o teu coração,
as dores que sente
não quedarão ausentes
apenas aumentarão.
Tudo ficará triste,
mesmo o que não existe.

A: Quanto pessimismo!
Oh, livrai-me do mal.

B: Eis teu realismo:
o desastre cabal!

A: Quanta insistência
acaso queres meu sofrimento?

B: Não desejo a decadência
sim apenas a lamento.

A: Pois recriarei o mundo!
E farei do velho o novo.

B: Farás do sujo o imundo.

A: Cala-te!

B: Calo e dissolvo
nas tuas palavras só uma:
desastre
e eis que a vida suma
no mal que se
alastre!

18 de outubro de 2015

Diálogo III

A: A poesia é vaga e em nada muda o mundo.
B: Por exato. Apenas altera o ego de quem lê e de quem escreve.
A: Como?
B: Pois a escolha poética de ver o mundo como feio e tempestuoso, torna o mundo feio e tempestuoso. Sem brechas para a beleza e para a paz.
A: E em que isso é válido?
B: É válido no contrário. Vê-lo belo e de paz, ou ao menos recriá-lo assim para o leitor.

17 de outubro de 2015

Diálogo II

A: O fim está próximo! O fim está próximo!
B: E a que isso me importa?
A: Arrependam-se dos pecados cometidos!

B: O pecado é invento
judeu
não vejo pecado em nada,
nem no pecado
meu.

14 de outubro de 2015

Significado de leitura

Você para e vê:
no livro o
escritor te lê.

Pense bem e leia!
Mais uma revista
de verdade meia.


13 de outubro de 2015

Favere, Mefistófeles! (uma ode a Goethe)

No meio do rebanho, alguém anseia pelo novilho
pela carne e pelo sangue derramado no cálice,
algo se move nas florestas de Mefistófeles,
algo dança, areia movediça, dança esperando
dança feliz nos Campos Elísios.

Todos estão felizes, e o lobo se assemelha a eles.
Ninguém sente a presença do terror, o caos virá,
o Caos, a luz que não se deixa sombrear, e brilha.
O intelecto revoltado, o sábio sanguinário, esse
que poucos parecem dar vida, sai da toca e ganha forma
quem será, quem será, quem será a presa
presa na pressa, e quem será a sobremesa?
No meio do rebanho, hienas não são bem vindas. Nunca serão.

E não são Dois. Ó, o que arma a cilada
e o que se submete ao poder, são apenas um,
não existe a multiplicidade. O Dois é Uno.

No meio do rebanho, o voraz se ergue e ruge,
a multidão não se dá conta plenamente, mas
alguns se dispersam, fogem para onde? Do que fogem?
O sangue...
Quem se importa? O Homem Terrestre é apenas
uma sobra, uma sombra, do homem celestial que há de vir,
e surgem no solo, homens de barros,
homens que a dor não é capaz de atingir, homens-deuses.
Zohar.

Simão. Fausto. Seria Dositheus filho de qual deus?
No meio do rebanho, não há mais rebanho, somente lobos
homens de sabedoria maligna, gênios: mephiz e tofel.
O sangue, a carne, tudo feito. Mas na boca
um gosto amargo de doce derrota, entre os lobos
um se revolta contra a revolta. Lobos se matam,
por fim, a guerra recomeça entre o novo rebanho, alcateia.

Mefistófeles se faz presente de novo, a guerra recomeça.
No meio do rebanho alguém anseia pela paz, mas paz só pela guerra. 

 

Mudanças e Danças


As coisas sempre
iguais
que me lembre.


Mentira: uma criação
inovadora e criativa
ninguém se priva.


Fim com chave de ouro:
eis que tudo muda
pra igual, eis meu agouro.

12 de outubro de 2015

Ecos Secos

Venham ver todos as palavras vazios e os ecos
surdos que estalam nas almas dos escritores
são sombras, são medos, são névoas, labirintos,
que passam despercebidos pela ótica dos mortais
e mesmo os deuses ignoram.

Venham ver todos e escutem a canção
que soa estúpida e melancólica na pele
ruído de limiar tão vago que imperceptível vai
encontrando poucos, desencontrados, que bailam
com corações desnudados e mãos frias e escravos.

Venham ver todos a brutalidade da rosa e do haicai
admiráveis obscuridades, o lado negro da Lua,
(a Lua toda é solidão, venha ver)
que nem os astrônomos tampouco os que lá estiveram
viram de fato.
Ecos e margens do poema passam despercebidos.

Venham ver todas as entrelinhas que orbitam
os feliz e os infelizes, as damas e os cavalheiros,
as almas sobrecarregadas, regadas de ecos
e palavras não mais vazias.

Venham ver todos ou se acomodem no sofá
para mais outro dia de ecos e palavras vazias
de ecos e palavras macias, de ecos e ecos ecos ecos ecos

11 de outubro de 2015

Verídico ou não, eis a razão

Para que acreditar
em velharias da vida
se somos estúpidos
embriagados de solidão
e egoístas demais para
viver e só.
Se quando o que se quer
é apenas ir a caça
e não devorar a presa, apenas
o prazer saciar.
Deixe-a para as hienas
que riem da própria natureza,
ou para os urubus.

Para que acreditar
na intuição, se sabemos
a resposta no racional.
Os outros são apenas
alteregos do teu mesmo eu.

Para que acreditar
e viver de certezas.
Livros de ficção são mais reais.

Acredite em tudo, che,
duvidar é como ser Atlas
um deus que apenas serve
para suportar o peso do universo
nos teus ombros.

10 de outubro de 2015

O nada, a carne e o verbo

Conceber o nada; maldição filosófica.
Que o verbo se faça carne, alicerce,
mas que a carne, não, nunca se faça verbo.

Conceber o nada; e das nádegas oceânicas
dessa inexistência parir o concreto e o abstrato
mas que a carne não se faça verbo.

Conceber o nada; estaria talvez usando
um termo ridículo e chulo que vaga
pelo pai dos burros como um verbete cego?

Conceber o nada; essa macroestrutura
cederá a um único termo ermo?
mas que a carne divinamente humana não
se faça verbo.

Conceber o nada; a lei, a moral, a ética,
todas elas falsas, nada passa de nada,
e a carne não tem nenhuma tradução.

Conceber o nada; eis a essência de tudo.
Dói a vértebra, as cores somem, numa pauta
filo-só-fica a dúvida e a carne,
adeus verbo.

Conceber o nada; o que a filosofia tediosa
insiste em devorar em debates acalorados
escrevo sem muita enrolação nessa prosa
tratando de deixar os verbos encarnados.

Conceber o nada.
Conceber a carne.
O verbo divino é o silêncio, rapaz,
o silêncio que a carne trás.

9 de outubro de 2015

Infortúnio dos poetas III


Nevoeiro que não se dispersa
lembre-se cara madrugada
de ódio não guardo nada
mas não queira conversa,
parece ser alma peçonha
mas quem diz ter veneno
demais, é só um pamonha.


8 de outubro de 2015

Galeão. O destemido remido (2)

A cena se passa na praça, cria asa na mente de Galeão e parte rumo ao sumo da solidão:

Tanto e tudo observo
servo que sou
da minha liberdade,
a roupa que visto disse para alguém
que sou, que sou ninguém.

O ônibus parecia me esperar
as grandes questões do mundo não,
tampouco a poesia tinha paciência.

O ônibus realmente espera:
mas vou ficar no banco da praça
não quero dançar essa valsa
não se preocupem, criarei raízes
não asas que voam infelizes.

Amanhã, quando tanto e tudo que observo
diminuir, minguar, sumirei
e assumirei ser rei
da minha servidão:
e então,
que magnífico:
serei livre na solidão,
serei eu e tanto quanto
só.

Para teu'spanto,
pedirei prisão perpétua
na alma que é tua
que atua perplexa
de nada compreender dos grandes momentos da vida:
o ônibus passou.



7 de outubro de 2015

Construtivismo entre as aspas da poesia

Ergue-se com tijolo o muro
e tudo se torna concreto,
o poeta crê ser obscuro
e toma um caminho incerto:

destrói todo o tijolo
com seu poderoso martelo
diz ser ouro de tolo
coisa que fere o real elo;
poetas trabalhando na construção
essa obra (-prima seria?)
há de virar poesia
não há de sair do chão.

Poetas fazem muito do pouco
não querem, se rejeitam,
se recusam a fazerem a parte,
aceitam felizes a arte
dessa prosa, dessa água de coco,
desse empreendimento, novo negócio:
fazer do construtivismo, ócio.

6 de outubro de 2015

Ciclo das madrugadas

Para ser poeta
é necessário escrever
a coisa errada
na hora certa,
é necessário pensar muito
e não pensar em nada
ser acordado pelo intuito
de escrever na
madrugada.

Por fim,
escreve
nada.

5 de outubro de 2015

Infortúnio dos poetas II

Para cada luz, várias sombras
nevoeiro que ainda não se dispersa
poesia de mil páginas que tergiversa,
a cada tragada poética, muitas lombras,
salobras, salmos de sobras, obras
sal de cobras, rimas até que sobras
tu, na página ou na margem,
no que fica de canto, subliminar no nevoeiro
eis que novos silêncios falam o inteiro
ou, como de costume
apenas finge bem acender o lume.

Infortúnio. Verso funesto
e versando devoro o resto,
assim, assassino e
assino o manifesto,
com outro verso modesto.

Infortúnio dos poetas, para escrever
para tomar café, para amar, para
sentir e rir, vida, para algo mais
presto?




Nada falta, tudo tenho.

Ver além
nesse alguém
que é só prosa.

Do que seria
meu poema
sem o espinho
da rosa?

4 de outubro de 2015

Mais um poema usando o louco

Ao céu aberto, no banco da praça
um louco olha a noite e os pássaros
vê sorridente a nuvem que passa
tentando desentender a euforia
da avenida ao lado.
Analisa e deduz, com ironia,
que tudo anda apressado
sem notar, por muito tempo ficou assim,
não exigindo do seu pensamento um fim.

Se contenta para não rir do mundo
homens passam a cem em um carro
um segundo-século, segundo
o louco. Esquece. Tira sarro.
De toda essa humanidade
que entende por demais o complexo,
desconhecendo(-se) a simplicidade.

O louco deixa o questionamento
se deixando levar de novo pela brisa
pela brisa lisa doutro pensamento.

3 de outubro de 2015

O estranho não se estranha.

a um amigo, mais estranho que o cu da gia:

A estranheza com que te notam
e já teus olhos tão cansados
até mesmo, indiferentes, duros e vazios,
que atravessam as paredes e os corpos,
como se fossem inanimados. Talvez sejam.

Essa estranheza violenta e mortífera
casca-grossa, mas que em nada te infere valor,
fere mais a mim e aos sentimentos
que nunca foram, tampouco serão, teus.

E esse tsunami, e esse terremoto,
passam sempre despercebidos nas tuas lentes?
teus olhos são de vidro, afinal.

A estranheza parece pandêmica
e continuas andando como se nada
importasse ou não fosse visível.
Mas estás correto; para que se preocupar
com um Mundo tão cheio de escravos?

A estranheza dos outros,
deixá-los sentir aos calos, que diferença fará?
Nenhuma. Não se muda seres
que vivem alienados de si, de ego,
que inventam mundo onde todos
são iguais.

A estranheza com que não te notam
como se transpassasse, furassem os músculos e as carnes
dos sujeitos que cruzam o caminho.

Tu, que não se incomoda com o incômodo deles.
Que não se vangloria do saber e do não-saber,
que não encontra na aparência a aurora da vida,
que não luta por um mundo melhor, nem pior.
Tu, que parece agir na anomia, mas que
é o oposto. Mais estranho que o cu da gia,
que os deuses e que os semideuses. Mais estranho
que a estranheza e que o governo russo.
 

2 de outubro de 2015

Galeão. O destemido remido (1)


Passo despercebido
por toda multidão,
sou pouco conhecido
não chamo a atenção,

quem olha não se interessa
não tem tempo para notar,
os outros se banham na pressa
não sabem contemplar.

Já algumas mulheres
sentem-se atraídas:
peça-me o que quiseres
não me deixe saídas,

apenas não queira
compromissos e comunhão,
não será a vida inteira:
prazer. Sou Galeão.

Perambulo pelas camas
pelos livros e tragédias,
não insistas que te amas
não sou de fazer médias,

vivo em absoluto
na solidão da viola,
a vida é pois o luto
e só ela me consola,

sou só e sozinho
não quero união,
sou somente Galeão,
nem flor nem espinho.

Não busco dinheiro
não busco enigma,
o meu paradigma
é viver por inteiro.

A partir de hoje o Blog passará a ter um personagem fixo. Seu nome: Galeão. Algumas crônicas virão, poesias também. Provavelmente curtas histórias em capítulos serão publicadas. Mais detalhes sobre o personagem serão descritos posteriormente. Um pormenor deixo: Galeão em parte é sujeito real, sua outra parte é por demais inventada. Aliás, todas as pessoas verídicas são inventadas.
No momento, apenas uma poesia sobre o protagonista, sobre essa nova celebridade irrelevante. Observação: estará em primeira pessoa, por ser Galeão o narrador.

1 de outubro de 2015

Alguns haicais:

De Alice Ruiz (1946 -    )
sem saudade de você
sem saudade de mim
o passado passou enfim

De Carlos Vogt (1943 -    )
ANFITRIÃ
Não se decepcione:
a vida o convidará
para outros fracassos.

Obs.: Carlos Vogt daria um bom psicólogo!