Haicais, somente haicais

Poesia que sem asa voa,
milagre corriqueiro:
quase ninguém nota,


Venha que estou à toa
rindo do mundo inteiro:
pois a Terra dá sua volta.


Caminho suave
voar livre
sem nenhum entrave.

 
Suave caminho
mas sei
não sigo sozinho.


Sopra-me o vento
frio haikai na pele
no cerne do pensamento.

 
Cospe-me a normalidade
o sensível e o sensitivo.
Por pouco me sinto vivo.

 
Surtam-me os carros
que rasgam o tempo
e atropelam pássaros.

 
Anima-me o ócio
o café, o sorriso:
a vida é mais que negócio.


E tudo e
tanto pode 
ser 'no entanto'


O ignorante 
que se entenda 
com o ínscio.

 
Parece só o que se mostra
mas não é assim
que faz pérola a ostra


Quem se atreve
a dizer para que
dizer serve?


Sou conciso
carrego feliz
meu pouco riso


Sou aquilo:
água que transborda
a borda do Nilo 

A lua, enorme
beleza transcendente
me deixa ausente.

 
Nem tudo é perfeito
e por efeito
nem tudo é defeito. 

 
Se enrola a cobra
depois se cobra
para se desenrolar
 
Viver nulo dos outros
nulo de suas abobrinhas.
Já bastam as minhas.


As coisas sempre
iguais
que me lembre.


Mentira: uma criação
inovadora e criativa
ninguém se priva.


Fim com chave de ouro:
eis que tudo muda
pra igual, eis meu agouro

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