27 de março de 2017

O Velho, a Carne e a Psicodélica Árvore do Imaculado Ventre da Terra



Não sou de divulgar muito por aqui, além do que escrevo, mas, tendo em vista o pouco tempo para passar meus escritos para o blog, e também o fato de ter gostado muito de uma banda, pouco conhecida, trago uma exceção.

A banda se chama Ávora Di Carlla, o álbum "O velho, a carne, e a Psicodélica Árvore do Imaculado Ventre da Terra". A julgar pelo nome, explica-se o pouco sucesso. No entanto, ao escutar o som, que delírio! É uma banda de Rock Progressivo, cantando em Português, algo já inusitado. Se não bastasse, a variação entre uma faixa e outra, é surreal!

Indico, caso quem esteja lendo se interesse por Rock, e principalmente por Rock Progressivo. Tem um pouco de Jazz em algumas faixas, e um pouco de Teatro. Sim, teatro, não podia ser algo normal.

18 de março de 2017

Personne salace



Sim, já vou
Despedir-me

ao menos
que me peça
para reduzir o verbo
aumentar o desejo
e de "despedir-me"
posso
"despir-me"

e vou



e volto

17 de março de 2017

Falando pouco (II)


A felicidade
é uma tristeza
para a poesia

Tudo bem
nada a ser escrito,
talvez
versos ao estilo
poetinha
Vinícius de Moraes

isso não faz
o menor sentido.

A felicidade
é um verso
único, que basta,

até haicai
dispensa.

10 de março de 2017

de poucas palavras


Ondas
vai e vem
transitoriedade

escondas
no além
toda verdade

tudo é enquanto;
sorrisos, lágrimas
amores, pranto

ondas
batimento cardíaco
a lata de cerveja
o tormento do trânsito
a velocidade
até a transitoriedade
é transitória

ondas
esse poema
é pra falar
do que passa

e do que fica
e estranhamente
se replica.

8 de março de 2017

Formiga



Formiga que tanto trabalha
formiga que tanto caminha
formiga que tanto obedece
formiga que tanto espera
formiga que tanto se dedica
formiga que tanto trabalha
formiga que tanto trabalha
formiga que tanto trabalha

vida que tanto repete
vida que se vai
de repente
feito haicai

formiga
minha cabeça
só de pensar
nisso aí


3 de março de 2017

Tão


Do teu sincero abraço, entre palavras
que não estou acostumado a ouvir, me arrepia
todo o existir, desse universo tão perfeito
tão caótico, tão vulgar, tão poético,
de um jeito que não sei te explicar.

Do teu sincero beijo, doce, tão doce
com profunda amargura, só de pensar...
sei, que não faço os melhores versos
que não sou dos melhores trovadores
que não sei me expressar tão bem, tão bem
que não deixo de me preocupar quando devo
que não esqueço o que tenho que esquecer
que o dia me enlouquece com tanta luz.

Do teu sincero olhar, entre braços e pernas
que se encontram em uma outra dimensão.
Meu dizer, tão vago e tão nulo, até certo ponto,
me assombra por te assombrar, e não sei explicar
os motivos que me causam calafrios.
Teu dizer, tão singelo e tão ácido, até certo ponto,
tão breve e tão eterno, como folha
de primavera, de caderno, de haicai,
me enlouquece, de forma simples.

Do teu sincero jeito, todo sem jeito,
tão raro, tão seu.

1 de março de 2017

De promessas que não faço, causas que não abraço - Parte I



Prometeria-te versos
diversos, inversos e perversos
se minh'alma permitisse tamanha ousadia,
se o desejo, existisse, toda noite, até de dia,
arderia, meus pensamentos, movediços
escassos, rasos e tão vulgares, como nuvens
que vês, que ao invés de chuva, sol raiasse.

Prometeria-te o meu amor, eterno fosse
tão grandioso, tão sublime e terno
mas não ouso escrever-te no caderno
tampouco ouço teu soluço, teu gemido
pois dele já tenho olvidado, esquecido.

Prometeria-te. Mas promessas
são feitas e desfeitas, são remessas
de (des) prazeres descumpridos
são amores inacabados, são versos intrometidos,
de nada adiantam.

Prometeria-te luas e luares
mas os astros se viram bem sozinhos,
e estão em todos os lugares
como o Sol, iluminando os caminhos,
bem como tu, quando sorri ao desastre
que é essa poesia, esse verso, essa "arte".

Prometeria-te a santidade e o pecado
mas não sou anjo ou diabo
as vezes nem humano me sinto,
mas te garanto, ser sempre sucinto
naquilo que, as vezes, sinto;
ao que não sinto, pouco direi
mas certamente, ausente, escreverei.

Prometeria-te mil maravilhas
mas sei de minha própria natureza
tão vazia de novidade,
provável que reconheça a milhas
o meu jeito, minha estranheza
no meio dos outros, da cidade.

Prometeria-te rimas e doçuras
mas sei de minha própria natureza
tão entediante, sem aventuras;
e eu, sem dignidade de tua realeza
trovo a trova da tristeza,
do feliz entristecer, não da triste felicidade
cíclica, rítmica, de nossa geração.

Prometeria-te um começo, um meio, um fim,
mas sei de minha própria natureza
e, o pouco que lhe dou certeza
é que meus poemas terminam sem graça, assim.