30 de dezembro de 2019

But I could, so fuck off.

 
Você quer que tudo se foda
toma seu gole de seja lá o que for
e realmente quer que vá tudo para o inferno
mas quer também
que os outros aproveitem e gozem
pois sabe bem que todos querem que tudo se foda.

Você não é o único. Nunca foi. Não há nada de especial.
Ainda bem, viu?
Estou sendo ríspido com as palavras, mas convêm.
Você suporta tanta coisa, uma ridícula poesia não te ofenderá.
E se ofender, com o que é que não nos ofendemos?
Vá junto com os demais se foder. Irei junto.
Sinceramente, vamos todos. Abraçaremos o caos.
Lamberemos a última gota do cálice do diabo.

As coisas - me dê licença para inventar a roda - serão piores
serão piores e piores serão. Não se deixe levar pela esperança.
Ela é a última que morre, já foi dito. Todos morrem antes.
Bradarão alguns, "oh, mas que lástima de versos". Estão certos.
Estão sempre certos, e esse é o maldito problema.
Estão sempre cheios de certezas, e certezas otimistas.
Oras, vão se foderem. Talvez até encontrem antes o céu.

Como eu ia dizendo até que estes infelizes me aparecessem em pensamento,
você quer que tudo se foda.
Mas estamos por aí, fodendo com tudo também.

Ou não?
 


29 de dezembro de 2019

Verum velle, parum est


Heresia
é crer.

A fumaça do arcebispo
na face das criancinhas
a cobra fumando o Sol
a Lua putrificada abençoa
"vinde todos, vinde"
dizia o maldito.

Perdão é falta de análise.
Pecado é uma honra.
A semente da discórdia floresce
E todos sabemos que ela é necessária.

Na sacristia, a traição.
Jesus jogando tudo ao chão.
Aos pastores, ele, puto, dizia,
"seus filhos da puta, transformaram o reino do meu pai, num mercado de peixes".

Depois, dizem que aprenderam com ele
a multiplicar os peixes recebidos dos pobres.

Garanto.
Heresia
é crer.

Numa divindade só, pior ainda.
Se for para acreditar, que seja no Panteão,
qual queira.

*P.S.: vocês também se incomodam com as imagens católicas de Jesus e Maria? Branquelos, parece que nunca viram Sol, narizinho empinado, cabelinho arrumadinho. Dedinhos limpos. Por vir de família com tradição católica, sempre achei engraçado tais imagens. Tem um quadro na casa da minha avó, suponho que seja Maria. Além de todos esses pontos que comentei, ela ainda tem a bochecha rosada de blush. Não querendo problematizar nada, até porque a maioria do Brasil já é protestante mesmo (protestante, o nome parece piada), e não são chegados em imagens, só em suor do Valdomiro e em madeira da terra santa de um outro pastor que não lembro nome, mas provavelmente, e confesso que depois pesquisarei a respeito para ter certeza, Jesus (e o povo todo lá da segunda geração do Best Seller Bíblia) era negro. Enfim, só um comentário solto aqui.

Resultado de imagem para jesus negro

 

24 de dezembro de 2019

Com tradição


Natal, por cerimônia.
Nada a comemorar.
Apenas um preparativo
Juntar os familiares (alguns)
Eu disse juntar, reunir não faz sentido
Ouvir os causos. Mas não as causas.
Aturar até saturar. Então, trégua.
Alguns dias. E depois,

Virada de ano, por cerimônia.
Nada a comemorar.
E vocês já entenderam a coisa toda.

Mas
Tem lá sua lógica.
Para que ver a todos sempre
Se reservamos alguns momentos do ano
Agendados previamente
Para tal questão?

É, por cerimônia.

22 de dezembro de 2019

"Conciliação" pragmatista entre eus (IV)



Uma calmaria que até estranho
Incertezas que fazem cócegas
Em meu ego que não revida.

Para onde foi todo tormento?
Lamento comigo, enquanto leio.
De certo, adormece, para de pronto,
me tomar por inesperado, me domar.

Há de se estranhar sempre que algo vai bem.
Quem incrédulo sempre foi
não é em uma noite que toma fé, nem em si.

Talvez o fim do ano, talvez.
O impasse de saber se o que virá é pior.
Ou a repetição já me devorou e nem vi.

Meus eus, outrora gladiadores estúpidos,
presos parecem na constante do agora.
Até quando isto segue, suponho que não muito.

Na ausência de tempestade, fiquemos com o copo d'água.

 

19 de dezembro de 2019

Foi ontem e não me contaram



Nem orgulho nem tristeza
menos ainda felicidade
é um tempo suspenso
sentimentos ficam de fora
dessa imersão de pensamento
em que está

dentro, um estrondo
fora, esse silêncio completo
dentro, é se, porém e quando,
fora, de certezas repleto

as estrelas não dormem
pela nossa visão
é que apenas somem
na longa escuridão

de mim e de ti, léguas
duelos internos sem tréguas
não me avisaram que o céu estaria nublado
não me avisaram que a revolução já passou.


16 de dezembro de 2019

Abster-se de um além


Vulgar. Qualquer resposta sobre a morte é vulgar.
Prometer ao cego sua visão, ao miserável, o pedaço de terra.
Vulgar. Usufruir da ignorância dos pecadores.
Prometer a salvação, a saliva, o alívio da dor que não encerra.


Grosseiro. Fingir conhecimento das trevas e da luz.
Aqui não se paga, aqui não se faz; aqui, se sofre.
Grosseiro. Espiar a culpa e ampliar o peso da cruz.
Roubar a esmola ao mendigo e fingir-se nobre.

Repudiável. Tirar proveito da amargura.
Como se houvesse salvação, como se houvesse um amanhã.
Repudiável. Dizer que o fim também é cura.
Como se o corpo apodrecesse para que a alma se dê por sã.





Sob os olhares de E. A. Poe é que vos escrevo.


15 de dezembro de 2019

3 tempos de leitura: Crime e Castigo, Fiódor Dostoiévski


I- 
Já não podia conter-se. Tinha guardado aquele prazer por tanto tempo. Pensou em como estivera feliz naquele ato, ainda que a humanidade lhe julgasse. Sabia que sentenciavam por ignorância das causas, e mais, julgavam por inveja, pois na medida em que não se satisfaziam, haveriam de ajuizar aqueles que gozassem de sombra e água fresca. Assim, aproveitava a sensação que lhe arrepiava o corpo e se deixava levar pelos sentidos, como um animal, como uma besta fera, como um deus. E não sentia qualquer arrependimento, tampouco mágoas.

II-
Mas, devo confessar, meus leitores, ainda que houvesse tamanha identificação com o personagem, me corria em pensamento que aquele estado de coisa só poderia terminar daquele modo. Crime e Castigo... E que castigo? E que crime? A literatura tem dessas de nos pregar uma peça. Tem dessas de nos permitir o fingimento. Tem dessas de nos referir o deleite, a maldita satisfação imprópria, negada pelo mundo. E que querem que eu diga? Que Rodion Românovitch Raskólnikov é culpado? Não defenderia uma vírgula dessa estúpida frase. Tampouco é inocente. Louco, menos ainda. Rodka, te defendo. Por compreensão, se queres que eu diga. Não pelo ato em si, mas pela dúvida. E por tantas certezas.

III-
Quem quiser, que julgue. Me abstenho de erguer o dedo e dizer "culpado, culpado!". A culpa, senhoras e senhores, é um elemento particular, não uma sentença qualquer. E olhando mundo afora, são muitos os que esperam sua vez de atirar a primeira pedra. Me abstenho.

*Esse texto faz parte e inaugura a nova série de publicações que farei sobre livros recentemente lidos. Serão sempre três tempos de escrita.
** Obra: Crime e Castigo, Fiódor Dostoiévski, garanto que não li em Russo (1866).
*** Se recomendo ou não: Sim, recomendadíssimo / e, tolere sua insanidade

 

Haicais de síntese entre tempos verbais



que a vaca tussa
e vá pro brejo
eis ai o que almejo


mas ela pasta
segue a vida
sem dizer "basta!"

10 de dezembro de 2019

Raskólnikov?


cabeça a mil
tontura e tonteira
sou eu a gota
dessa torneira

cruel e vil
viu por dentro
nada sentiu

só o nervoso
vermelho correndo
é assombroso
que esteja doendo

cumpriu-se a profecia
como um condenado
o cárcere interno
seu eterno legado.


7 de dezembro de 2019

Sobre crenças, pragmatismo e Leminski


A minha descrença religiosa perpassa a própria fé que tenho em meus hábitos. Verdade seja dita, minha crença maior é a de que crenças são aberrações. E mesmo crenças pessimistas, como o crente do fim do mundo, ou o crente de que o mundo é um lugar ruim. Nem bom nem ruim. É como é. E assim está por causas passíveis de explicações, ainda que bizarras.
Não consigo admitir a necessidade de discussão sobre a existência de forças maiores ou seja lá como você chama isso. O nível de descrença é tanto que não posso nem me considerar um ateu. Não mesmo. Ateus se prestam a negar. Vivem a vida negando algo que não acreditam. E para que negar algo que não me presta respeito? Ignorar. Verbo que define. Do outro lado temos os religiosos. Não sou psicanalista, aliás, considero tal prática religiosa também, mas não devo deixar de concordar que aquele que crê está por declarar sua falta. Crê em um céu, em um paraíso, possivelmente porque lhe falta paz, não tem sossego em seus dias. Teme o inferno por ter desejos que não tem coragem de suprir. E então, a lei máxima dos religiosos, tentam arrancar os prazeres alheios por meio da palavra. Dizem, "isto é pecado", "aquilo é o diabo". Oras. Que seja o diabo e que aproveitem a vida. Denunciar o pecado é pecado também, não sabiam?

Mas não quero mudar o foco da conversa. Estava dizendo de minha percepção, de minha autoanálise, de que não consigo, por mais que tente, crer ou ser descrente. Tampouco creio em um só verso que escrevo. Mas também não dou por falso. É questão interessante essa a de não considerar que algo exista ou não, que faça diferença ou não.

Sempre que entro por esses nós de pensamentos, por essas avenidas reflexivas, ascende a resposta de que sou apenas, pragmatista. Na raiz do termo filosófico mesmo. Não no popular da palavra. Por isso, a poesia de P. Leminski me diz respeito. É tal:


eu ontem tive a impressão


 
"eu ontem tive a impressão
que deus quis falar comigo
não lhe dei ouvidos

quem sou eu pra falar com deus?
ele que cuide dos seus assuntos
eu cuido dos meus"

--------------------------------------------------------------------------------------------

Paulo Leminski era um gênio. Um desaforado fenomenal. Fiquem com essa.

 

5 de dezembro de 2019

Regras ocidentais empanadas em farofa de pensamento (I)


"Suspeite daquilo que mais desejas", é o que vos digo. E, repito, com outras palavras, para que não sejas refém de tua sina e de teus sórdidos pensamentos: "ignore o lado poético que suspende as regras morais e, num só golpe, desperte de seu estado hipnótico de almejar algo".

Ao fundo, bem sabes que queres somente o que jamais terá. E não por incompetência, mas que no modo ocidental de arranjar as coisas, o desejo é puro estado de ausência. Então, repito a mesma asquerosa frase: "suspeite daquilo que mais desejas".

4 de dezembro de 2019

Um em busca de sei lá


Pelo viver
não
o que se
vive

Pelo desejo
não
o que se
deseja

Pelo além
não
o que se
tem

Por faltar
sempre
coisa
algo
alguém
isso
aquilo
troço

Pela ausência
daqueles que não queremos ver
no dia de hoje
mas que amanhã
talvez

29 de novembro de 2019

Utopias e os espíritos atuais

 
Acreditar em utopias preserva o mundo do caos. Desejar aquilo que sabemos improvável, não é aumentar a proporção da queda. Ao contrário, é crer que somente aceitando a profunda escuridão é que saberemos soluções para ela. Acredito em utopias. Sempre acreditei. Em deuses e figuras de linguagem, quase nunca. Em Utopias sim. Não há nisso ato ilusório. Há rigor. Aliás, o que foi que fizeram com os escritores de Utopia? Vejo que só há espaço para Distopia. Uma lástima que os seres do mundo se prendam a satirizar aquilo que é desejo e alternativa. Os distópicos, no fundo, satirizam suas próprias descrenças e pessimismos. Crer em Utopia não faz de ninguém um sonhador ou mesmo um religioso, ou ainda, um otimista. Não. A Utopia é a margem do Pragmatismo.
 
 

28 de novembro de 2019

Gaia Gandaia


I-
Ao passo que, alguns, desesperados pela constância de suas crenças, iniciaram um movimento de luta contra as ideologias. Foi mais ou menos assim que começou o caos, se me recordo. Disseram que a História era ideologia, que os livros eram ideologia, que a poesia era ideologia (essa, concordo), que direitos humanos eram ideologias, foi por aí. Foi, não? E faziam isso tudo com o que? De que forma bradavam a morte dos ideais? Qual a cruz usada nessa cruzada? Com o que quiseram apagar os valores sociais e o espírito crítico?
Preciso mesmo responder que era com a mais ferrenha e estúpida... ideologia?


II-
Detenha-se. Quando chega ao ponto de negar a existência do racismo, de negar a poeira de desigualdade social no ar, de dizer que não existe preconceito, que não existe pobreza e fome, que indígena não quer terra para morar, que direitos sociais são problemas; quando chega a esse ponto; por favor, detenha-se.
Não faça papel de palhaço. Por favor. Negue dados com dados. Não entre em desespero argumentativo. Em que mundo você tem vivido caro leitor? Quem foi que te disse que sonhar com uma utopia, ou com um mundo menos injusto, é coisa de esquerda? Adivinhe só. Causas sociais e equidade são princípios básicos de cidadania. No mais, detenha-se. Ainda que eu saiba, infelizmente, que você tem suas razões para agir assim. Todos temos. Mas, detenha-se, no conforto de seu casulo mundano.

III-
Sei que palavra não faz efeito em tábua.

 

27 de novembro de 2019

Culpa e gozo


Culpa, enquanto aquilo que falta e que se admite
delírio da negação totalmente consciente, pois é o que vejo
e vejo, sabendo que tu também vês
(até quando podemos negar eu que não sei)
talvez a distância apele ao sentido
abandonemos a retórica e iniciamos em outros olhares
o que deixamos de nós um no outro,
além da culpa, claro.


e do prazer.



25 de novembro de 2019

O último querer



Céu com nuvens
tempo nublado
o que é que tens
todo dia ao lado?

Desejo último qual
seria se fosse o fim?
uma cadeira no quintal
e uma garrafa de gim?

Curvas e curvaturas
um livro de romance?
Talvez as criaturas
todas a seu alcance?

Ou ainda, café amargo
banheira relaxante
a fumaça do que trago
ou o beijo de amante?

Ou seria o último desejo
joelhos no genuflexório?
trocar o azulejo
pagar o precatório?

Os estudos em dia?
O fim da maldita poesia?
Dinheiro na carteira?
Dar um tapa na cabeleira?

Céu com nuvens e não é hoje que o mundo acaba.


 

21 de novembro de 2019

Contra pontos


Do que nunca foi
sempre pensado esteve
tomou é um boi
com esse peso, sentir leve
nesse calor
cair neve

estrelas e neurônios;
na poesia reveste dor
valores dos mais hedônicos
a brilhar o céu

tu, que é réu
do seu próprio ser
talvez ignore pra valer
aquilo que um dia disseram

que não porque não.

15 de novembro de 2019

Bambus




para o olho ver e se deliciar
enquanto os pássaros voam
a chuva cai e a janela treme

e novamente fica pra depois
como sempre tem ficado, não é?
abafar o teu silêncio em mim

não é por falta de desejo
nem de espaço nem de tempo
nem de sentimento nem

você não entenderia
até eu mesmo por vezes não entendo
o meu monólogo extenso

e podia ser com tempestade
nem me importaria, sendo sincero
trovões como consequência não amedrontam mais

mas não, claro que não,
há mais medo e receio
pois vidro pode quebrar

 

14 de novembro de 2019

Números e provas aos que cospem fogo contra o MST (e contra florestas). Ou, por quê você ainda prefere comer com agrotóxico?



O MST é um alvo fácil na boca das pessoas que querem atacar os movimentos sociais. Para cada quilo de alimento que o MST produz, uma mentira é inventada. Pois saiba, meu caro leitor, que o Agronegócio que na verdade não tem é nada de Agro (Agro é Pop? Ou Agro é Câncer?). Se não bastasse liberar plantação de cana-de-açúcar em regiões da floresta Amazônica e do Pantanal (após revogação do decreto 6.961), o Governo atual tenta cada vez mais criminalizar o órgão responsável por boa parte da resistência do ser humano do campo. E eu não estou falando do homem do campo dos comerciais da Chevrolet. Inclusive, as páginas do Governo Federal sobre Agricultura Familiar estão fora de ar, coincidência, não? Não. Para um Governo que vive dando mais e mais direitos para quem já tem muito, não é coincidência. O ministério dos ruralistas é um dos grandes problemas no Brasil, para que se diga a verdade. Mas, bem, hoje quero deixar alguns dados do MST para quem diz que MST só invade terra e nada faz. E caso queira discutir nos termos da lei, um livro bom é a Constituição Brasileira, lá tem alguns parágrafos interessantes...

1 - Ao longo desses 35 anos, o MST tornou-se o maior produtor de arroz orgânico da América Latina. Somente na safra de 2017 foram produzidos 27 mil toneladas de arroz orgânico. Além disso, o Movimento exporta 30% de sua produção para países como Estados Unidos, Alemanha, Espanha, Nova Zelândia, Noruega, Chile e México.

2 - Fruto dessa organização são as cooperativas, associações e agroindústrias nos assentamentos. Atualmente, o MST organiza sete principais cadeias produtivas: feijão, arroz, leite, café, sucos, sementes e mel.  


3 - O MST realiza feiras da Reforma Agrária em todo Brasil
Atualmente, são 17 feiras estaduais espalhadas por todo o país, além da feira nacional que acontece anualmente na cidade de São Paulo.


4 - Ocupação do MST no Paraná ganha prêmio por recuperação da Mata Atlântica
O acampamento José Lutzenberger, que fica no município de Antonina (PR) ocupa parte da Área de Proteção Ambiental (APA) de Guaraqueçaba, no litoral norte do Paraná, e desde 2003 concilia a produção de alimentos livres de agrotóxicos - de couve à café - com a recuperação da Mata Atlântica. Por isso, a comunidade foi contemplada no prêmio Juliana Santilli, na categoria ampliação e conservação da agrobiodiversidade.


5 - Em 2018, assentamento do MST alcança safra recorde de sementes
Só da variedade de milho crioulo Sol da Manhã, o pré-assentamento Ana Ferreira, em parceria com o Movimento Camponês Popular (MCP), produziu 30 toneladas. Já comunidades camponesas organizadas no MCP geraram 120 toneladas de sementes. Destas, 20 toneladas são de 7 variedades de feijão, 2 toneladas de arroz e 98 toneladas de 6 variedades de milho, todos crioulos.


6 - MST recebe prêmio em Guernica pela luta da Reforma Agrária
O prêmio Guernica para a Paz e Reconciliação foi entregue em 2013, na cidade de Guernica, na Espanha. Ao conceder o prêmio para o MST, o comitê de jurados afirmou que o Movimento é uma “organização que luta pela paz e pela Reforma Agrária no Brasil".


7 - Em 1995, o MST ganhou prêmio por programa educacional
O programa educacional do Movimento, feito nos assentamentos de Reforma Agrária, ganhou o Prêmio Itaú-Unicef Educação e Participação



8 - Em 2011, o MST recebeu prêmio por sua produção sustentável
A Coalizão Comunidade Soberania Alimentar (Community Food Security Coalition -CFSC) escolheu o MST para receber o Terceiro Prêmio Anual de Soberania Alimentar . A entrega aconteceu durante a 15º Conferência Anual do CFSC, em Oakland, Califórnia, EUA.



9 - O Prêmio Ceci Melo de Participação Social do Governo da Paraíba, que anualmente homenageia mulheres que se destacam nas atuações sociais, na edição de 2018, homenageou a militante do MST, Dilei Aparecida Schiochet.


10 - O MST, recebeu em dezembro em 2018, o Prêmio Santo Dias de Direitos Humanos, oferecido pela Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo.


11 - Escola do MST recebe prêmio em feira de ciência e tecnologia em Santa Catarina
O projeto "uso das caldas em sistemas agroecológicos" da escola Vinte e Cinco de Maio venceu em 2018 o 3º lugar na XII Feira de Ciência e Tecnologia do estado.


12 - Em maio de 2016, o MST recebeu o prêmio Chapin Awards da organização americana WhyHunger.


13 - Escola do MST ganha prêmio com o tema Zumbi dos Palmares. O Colégio Estadual do Campo Contestado, situado no Assentamento Contestado na Lapa, estado do Paraná, ganhou o prêmio Orierê-Cabeças Iluminadas, do Centro Cultural Humaitá, com o tema Zumbi dos Palmares. O Prêmio foi criado em 2009 pelo Centro Cultural, com intuito de valorizar e evidenciar a herança Africana e Afro-Brasileira no Paraná.


14 - Em 2002, um trabalho inédito de conservação ambiental em assentamentos do MST no Pontal do Paranapanema, em São Paulo, ganhou o Whitley Gold Award, um dos mais importantes prêmios ambientais do mundo.


15 - O Movimento luta pelo acesso à educação pública, gratuita e de qualidade em todos os níveis para suas crianças, jovens e adultos. Já conquistou mais de 2 mil escolas públicas e 320 cursos via Pronera em 40 instituições, onde já se formaram 165 mil educandos no ensino fundamental e médio e em cursos técnicos e de nível superior, como agronomia, agroecologia, medicina veterinária, história, direito, serviço social e cooperativismo.


16 - Segundo o Índice de Desenvolvimento na Educação Básica (IDEB) duas escolas do MST obtém maiores índices na educação básica
A Escola Amadeus Carvalho no Assentamento Marrecas, localizada no município de São João do Piauí, e a Escola Sabino Bernardo, no Assentamento Palmares, município de Luzilândia, obtiveram no ensino fundamental notas consideradas acima da média para modalidade.


17 - O MST não doutrina crianças, todas as nossas escolas são públicas e cumprem as diretrizes aprovadas pelo Ministério da Educação (MEC).

18 - Desde 2005, através do Projeto Escuela Latinoamericana de Medicina (ELAM), mais de 100 médicos Sem Terra já se formaram em Cuba e na Venezuela. Eles atuam em 16 estados brasileiros, no Sistema Único de Saúde (SUS) e no Programa Mais Médicos, atendendo principalmente a população mais pobre da zona rural, vilas e periferias.


19 - Através do método cubano 'Sim eu Posso', mais de 50 mil adultos já foram alfabetizados


20 - O MST não rouba terras, o MST ocupa terras improdutivas
A política de Reforma Agrária somente desapropria terras que não cumpram sua função social, ou seja, que não são utilizadas para moradia nem para plantio. Quem garante isso é a Constituição Federal de 1988, artigos 182 e subsequentes, bem como o Estatuto da Terra (Lei nº4.504/1964).


21 - O MST luta desde 1984 por Reforma Agrária e transformações sociais no país. Conquistou assentamentos para mais de 1 milhão de pessoas e ajudou a construir e/ou implementar o Programa Nacional de Habitação Rural (PNHR), o Programa de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf), o reconhecimento da profissão de agricultora, o Programa Nacional de Alimentação Escolar (Pnae) e o Programa Nacional de Educação na Reforma Agrária (Pronera), dentre outras políticas.


22 - Julia Kaiane Prates da Silva, nascida e criada no assentamento de São Virgílio, na cidade de Herval (RS), chegou à final  da 10ª Olimpíada Nacional em História do Brasil. A olimpíada aconteceu em agosto de 2018, em Campinas, no interior de São Paulo.



23 - Ao todo, mais de 600 mil pessoas passaram pela Feira Nacional da Reforma Agrária durante suas três edições em São Paulo



24 - O MST tem uma vasta produção audiovisual tendo, ao longo desses 35 anos, produzido e participado de dezenas de longas e curtas-metragens, isso sem falar da produção musical que conta com álbuns dedicados à produção musical do Movimento 



25 - As experiências do MST na área da saúde popular são enormes e estão por todos os estados. São cursos técnicos em enfermagem, fitoterapias, auriculoterapia, massagens, além de cursos de graduação em psicologia e enfermagem.
Em 2017, o documentário 'Do Corpo da Terra: Filme do Setor de Saúde do MST' foi premiado no  12ª edição do Festival Taguatinga de Cinema


26 - Outra iniciativa, bastante comemorada no setor, é a produção de hortas medicinais. No estado do Rio de Janeiro, por exemplo, existem três experiências intercaladas na produção de fitoterápicos.


27 - A Escola Nacional Florestan Fernandes (ENFF), localizada em Guararema, foi construída entre 2000 e 2005  por mais de 1.000 militantes do MST, que fabricaram até os tijolos utilizados nas edificações.

28 - Os recursos para a construção foram levantados com a venda do livro e disco Terra, com fotos de Sebastião Salgado, texto de José Saramago e músicas de Chico Buarque.



29 - A escola é voltada para a formação política de militantes de movimentos sociais do Brasil e de todo o mundo.


30 - Já passaram mais de 24 mil alunos pela escola e 500 professores voluntários.



31 - A escola também possui uma biblioteca com mais de 40 mil livros doados, três salas de aula, um auditório e dois anfiteatros. Foram construídos também quatro blocos de alojamento, refeitórios, lavanderia, estação de tratamento de esgotos e casas destinadas aos assessores e às famílias de trabalhadores que residem na escola.



32 - O MST comercializa alimentos institucionalmente para várias entidades, programas e organizações, dentre elas, o Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE) e o Programa de Aquisição de Alimentos (PAA). Os produtos do MST também são exportados e comercializados em mercados, feiras, grupos de consumo, Armazéns do Campo e lojas da Reforma Agrária.


33 -  Escola do MST desenvolve embalagens sustentáveis de banana verde
O projeto “Embalagens sustentáveis de banana verde”, de autoria do professor Robson Almeida da Silva, do Centro Estadual de Educação Profissional (CEEP) da Floresta e Chocolate Milton Santos, no município de Arataca, no Sul da Bahia, foi um dos cinco vencedores do Nordeste indicados ao prêmio nacional “Respostas para o amanhã”.


34 - O MST não tem líderes, mas sim, instâncias organizativas.


35 - O MST não vai ocupar seu sítio, o Movimento ocupa latifúndios improdutivos e, através disso, cumpre com o compromisso de garantir a função social da terra. 


REFERÊNCIAS:

https://sustentabilidade.estadao.com.br/noticias/geral,bolsonaro-revoga-decreto-que-impedia-expansao-da-cana-de-acucar-para-amazonia,70003078232

https://www.youtube.com/watch?v=kEeuuOxIGZI

http://www.agricultura.gov.br/agricultura-familiar/agricultura-familiar-1 (FORA DO AR)

http://www.mst.org.br/2019/01/18/35-coisas-que-talvez-voce-sabe-sobre-o-mst.html

http://www.mst.org.br/quem-somos/#objectives


***Se ainda assim você acha que isso é uma baboseira, deixo link sobre invasões de terras que você deveria se preocupar e lutar contra, ao invés de usar só o MST de bode expiatório:

A família Alcolumbre e as grilagens

13 de novembro de 2019

Ao outro



Escuta o que deseja ouvir
em meio aos verbos emaranhados
seleciona uma frase, faz
uma só interpretação e deixa
no ar; toque a parte do iceberg
que não está visível
arqueie os lábios como quem diz
o que o outro quer ouvir

e depois refaça tudo, ao contrário.

9 de novembro de 2019

"Tem vídeo de cardume suicida se jogando na mancha de óleo?"



E você ainda espera algo de um Governo que acusa o PT pelo derramamento de óleo no Brasil em 2019? Que depois, acusa o Greenpeace de não ter limpado o óleo no litoral? Que diz que a culpa é da Venezuela, porque tem convicção? Que agradece os voluntários que se entopem de partículas cancerígenas para ter como trabalhar no dia seguinte e que manda o Ministro do Desastre do Ambiente tirar foto na praia para mostrar que está atuando? Que extingue órgãos responsáveis por prever derramamento de óleo justo antes do derramamento de óleo atual por considerar fútil e desnecessário um departamento de defesa ambiental e proteção contra acidentes marítimos? Você ainda espera algo de um Governo que diz que peixe é inteligente e evita o óleo? Que tem um Ministro da Pesca que desafia a população a achar esse óleo aí que estão falando? Que manda o Ibama calar a boca antes de divulgar as amostras de óleos? Que impede o jornalismo de mostrar a ineficiência do plano de ação de contenção das manchas de óleo (que foi feito só 40 dias depois de saberem a respeito)? Espera mesmo algo de um presidente que diz que se der um tempinho ele passa no Nordeste pra ver essas manchas aí? Você realmente espera algo de um Governo que praticamente inviabiliza o setor do Turismo de lucrar no fim do ano com as praias brasileiras e prejudica que o Nordeste arrecade mais de 30 Bilhões com tal setor? Que tem uma Ministra que ilude as famílias que dependem da pesca artesanal para sobreviver? Que diz que pagará auxílio (previsto em lei) aos pescadores artesanais por conta da contaminação de certas espécies e proibição da pesca dos mesmos e que depois volta atrás e diz que está tudo bem?

Bem, e isso que o foco é um único tema. Se a resposta continua sendo sim, talvez seja porque nada disso te afeta. E, como diz o presidente "o pior ainda está por vir", talvez se referindo a si mesmo.


REFERÊNCIAS:

https://www1.folha.uol.com.br/ambiente/2019/10/governo-bolsonaro-extinguiu-comites-do-plano-de-acao-de-incidentes-com-oleo.shtml

https://www.cartacapital.com.br/politica/salles-culpa-pt-pela-demora-do-governo-em-limpar-oleo-nas-praias/

https://www.diariodepernambuco.com.br/noticia/vidaurbana/2019/10/ministra-da-agricultura-volta-atras-e-suspende-antecipacao-do-seguro-d.html

https://oglobo.globo.com/sociedade/salles-insinua-que-greenpeace-pode-ter-derramado-oleo-mas-volta-atras-24039726

https://www.greenpeace.org/brasil/blog/greenpeace-protesta-contra-tour-da-mentira-de-ricardo-salles-na-europa/

https://www.cartacapital.com.br/politica/o-pior-ainda-esta-por-vir-afirma-bolsonaro-sobre-vazamento-de-oleo/


VERGONHA PÚBLICA

“Pessoal, alguém tem algum vídeo, algum registro, de cardume suicida se jogando para dentro da mancha de óleo? Não, né? Então curte a sua sexta-feira e para de mimimi, valeu?” - fala de Jorge Seif Júnior, secretário de Pesca e Aquicultura. Sim, pessoal, claro que só poderia ser fala de alguém que o Bolsonaro colocou lá dentro. E para não acharem que estou mentindo, vou deixar o link do O Antagonista, o jornal que os eleitores do Bolsonaro conseguem ler (afinal, as notícias costumam ter três linhas e em duas criticam o PT):

https://www.oantagonista.com/videos/video-tem-video-de-cardume-suicida-se-jogando-na-mancha-de-oleo-pergunta-secretario/

Manchando o País - e não só o litoral. Na foto, o cocô dia sim, dia não, junto com o antiMinistro do ambiente

 


 

8 de novembro de 2019

Símbolos


Lembrem-se, há sempre algo a mais.
Uma luta para ser vivida, uma dor
Lenta, que machuca, mas que faz golpear
A quem queira nossos sonhos secos

Lembrem-se, a história está aí para ser narrada
Isso não sou eu quem digo, é o tempo, olhos
Vejam o que queiram ver. Mudanças virão.
Repete-se o ciclo, a utopia é amamentada.
E lembrem-se, isso não sou eu quem digo.

5 de novembro de 2019

Narrativas e choques



Ao fim, tudo é contexto. A narrativa precária de minhas mãos é contexto e o suor que escorre de seu rosto em meio ao calor infernal que vivemos, não poderia deixar de ser contexto. Ao fim, falamos de relações. Uma teia de aranha a prender o que por ali passar. Entender o mundo enquanto função dá lá muito trabalho. Evitar o julgamento e exercer a compreensão em casos extremos, dói, faz sangrar. Não é dar uma de isentão. Não é dar uma de "é assim que é, é assim que tem que ser". Não tem que ser, mas é. E com o verbo To Be não se discute. Ao acaso me crucificariam se ouvissem de meus lábios que as coisas são como poderiam ser? Não canto o amanhã, porque de fato nem existe. Só o hoje e o que já pestanejamos por aqui. Futuro é teleologia. E Hegel que tome seus remedinhos (não só). Analise seus verbos e seus silêncios. Mera função de um ontem. Eis o "eu". Uma invenção linguística. Só há "eus". Que não há uma unidade a manter a loucura encarcerada em sei lá onde. Não. És mais que um. Somos vários. E o conflito que temos é resultado desse lamurioso choque: é o encontro da filogenia com a ontogenia, banhadas pelo mar de cultura que navegamos. O caos olhando pela fresta da porta.

 

3 de novembro de 2019

Um só mais e mais um só



O pesadelo de ter a alma toda exaurida
Ao outro que anula teus próprios desejos
Findar-se aos incongruentes relampejos
Que a visão não tarda a mostrar na vida

Uma direção. Em troca de qualquer sentido.
Rumar vago e incônscio ou com propósitos.
Chutar as preces ou render-se aos ritos.
Dar-se por derrotado (e só) ou jamais por vencido.

Escolhas.
Que alguém se acostume com elas?

Escolhas?
Há alguém que creia nelas?

Escolhas!
Invenção para culpar.

Escolhas.


30 de outubro de 2019

E o verbo divino se fez carne, e eram todos vegetarianos



Primeiro momento:


"Não tenho tido muita paciência para papinhos culturais alternativos com quem nasce em berço de ouro e caga prata. E espero que os filhos de burgueses não me levem por mal; não é nada pessoal. É que, depois de tanto tempo exposto a um universo onde quase todos são exceção ao que se diz regra, seus olhos querem fechar e esquecer essa podre realidade".

Segundo momento:

"Não os culpo por absolutamente uma vírgula. Assim aprenderam. Apropriação? Muitíssima. Sou por demais arrogante, se querem saber. E por demais irônico. E por demais reflexivo. Uma bomba prestes a explodir na ausência de silêncio para respirar. Me faço por desentendido. Gosto de críticas. Gosto de análises do que tenho feito e do que deixo de fazer. Aprecio uma bela investigação e me deleito em versos que descrevem as variáveis que controlam meu próprio comportamento. Livre? Uma ova e meia que sou livre. Sou o arranjo de contingências que fiz e faço, e que outros tecem comigo; sou verbo, divino não, mas que se fez carne. Não me encanta ser o centro das atenções. Tenho tentado me manter longe disso. Mas, meu caro centro, tampouco orbitarei seu entorno. Se me mantenho longe, há razões. E não direi quais".

Terceiro momento:

"Ora, ora, ora. O homem de terno me diz que o Sol é para todos. Sim, é. Para todos! Todos temos o Sol. Alguns podem usufruir do Sol em belas ilhas distantes, outros desfrutam do Sol em bares e, outros, que também tem o Sol para si, o recebem nas costas, na jornada de trabalho no semáforo, a coletar suas poluições, a entregar panfletos com desconto para seu novo carro, a pedir o mínimo para a subsistência (ou seria sub insistência?). Mas sim, tenho que concordar, o Sol é para todos. Só não tente pensar como cada um recebe esse "mesmo" Sol.

Quarto momento:

"Ato primitivo: foda-se".

27 de outubro de 2019

Onde a arte te fere?






a arte te fere onde? no limite de seu corpo
na extensão das baratas que voam do bueiro
no piso molhado dos banheiros de metrô?
a arte te fere seco, te fere rude, te fere longe
porque a cidade tem seus muros para te proteger
e a arte te erre para não muito sangrar
aos olhos de quem não vê; por dentro, é rio
e a vermelhidão assombra sua carne

22 de outubro de 2019

Lack and privations






gavetas
folhas
guardanapos
blocos de anotações

o barulho do ventilador

tudo isso é pra esquecer

pegadas na areia
silêncio do prédio da frente
baderna no ânimo do pessoal
pílulas de antidepressivo dos estudantes e suas caras passadas

tudo isso é pra esquecer

o carro do ano
o café gourmet
o açúcar gourmet
o gourmet gourmet
a casa de luxo
as garrafas de plástico

tudo isso é pra esquecer

o cobertor 
o gibi
a moça que passa
o cooler do notebook
o chuveiro
haicais desesperados

tudo isso é pra aquecer

e no pesar dos pesares
a noite é enorme
o mundo é largo

e tudo isso
acreditem
ainda é pra esquecer 


12 de outubro de 2019

Filhos do rei e mauricinho esquecido


“sí, se puede”
Sácalo de allí
Tíralo por allá
y aquí hacemos lo mismo
en unos años
¿o no?

Seguimos
tratando de resolver
el fuego con pólvora

Y nos olvidamos
de nuestra próxima generación


Desde hoy, hay otro modo de hacer
las cosas
pero
se esperan fuertes tormentas 

4 de outubro de 2019

Impactos


1° ato:

"Aceitar a repetição é a dádiva do cotidiano".


2° ato:

Elaborar para repetir
Repetir para elaborar
Elaborar ao repetir


3º ato:

meio termo, ou
meio ermo ou
meio ter ou
meio ou termo
ou meio ou
meio termo ermo
ou me ter ou
ter me meio
ou. Meio. Ou.

 

28 de setembro de 2019

Sangue, suor e lágrima (ó, proletário)



Pois então, passemos a vida inteira lutando pelo que mais odiamos. Lutemos até a última gota de sangue por aquilo que nos mata. E nos consome. As estrelas distantes que não nos cegam mas que tampouco nos aquecem o suficiente. Vamos em busca delas! Assim, seguiremos o nó do labirinto até que encontraremos a nós mesmos no amanhã. Eis ali, caçador e caça a brindar o próprio suor, sem que saibam. "Crescer na sociedade". Que te parece? "Subir de vida". E não importa se de escada ou de elevador. São termos da moda, são termos que descrevem o modismo operário. Faça ao outro aquilo que fizeram contigo, pensa o sujeito. Sim, assim ele aprendeu. Não retiro o peso da determinação no comportamento (ainda que probabilístico, sou um determinista; e antes de me lançar pedra, estude o conceito). Mas não estamos falando disso... Ele aprendeu. E replicou, como foi ensinado a fazer.

"Quando o trabalhador cresce na sociedade
E tem a oportunidade de ser protagonista da história
Ele pratica o método do opressor
Porque foi o único método que aprendeu
Então, ele só sabe agir como o opressor..." (Tom Zé, em Esquerda, Grana e Direita).

Mas, Tom Zé, para além da minha absoluta concordância contigo, temo dizer que o trabalhador se vendo enquanto protagonista, sente na pele, ainda que brevemente, que faz ao outro o que lhe foi feito. É gado que monta no rebanho, eu sei. Mas no momento de marcar com ferro em brasa aquele que foi seu companheiro, vive uma luta dramaturga entre queima-lo ou não...
Aí entramos. Devemos estar prontos para saber como mudar a sensibilidade comportamental.

Comecemos por queimar os livros de autoajuda e a banir o mentalismo no campo cultural.

  

24 de setembro de 2019

Ideologias e logias indecifráveis




Em geral, deveríamos nos preocupar com sujeitos que, bradando cólera e ostentando o punho de ferro, atacam com fervorosa crença aquilo ao qual se referem por "ideologia". São como aqueles que sem argumentação, inventam o espantalho e o maltratam verbalmente. Tempos de verdades absolutas e espíritos raivosos. Diálogos secos e poucas pausas. Ideologia daquilo, ideologia disso. Por ironia da linguagem, são os que pregam contra ideologias, seus maiores defensores. Fazem cegamente. São ideólogos, no sentido pejorativo do termo. Porém, jamais aceitariam tal rótulo. Pois que, por defenderem o estático, o prego que não se sustenta na areia, pensam lutar pela manutenção do bem. Tempos de espíritos tolos.

22 de setembro de 2019

O barulho que atravessa a janela



O barulho que atravessa a janela
Vem lá de fora se unir a mim
O motor do carro e o latido da cadela
Parecem jamais terem um fim

São quatro horas dessa madrugada
Mas a Lua é quem te dá bom dia
O Sol já vem como quem não quer nada
Devora o sonho e o desfia

A cortina de poeira vermelha
Abençoa a mãe natureza
O humano só em si se espelha
Canta aos céus sua certeza

O barulho que atravessa a janela
Na noite do dia seguinte
Me faz de mim um bom ouvinte...

"E quantos ruídos atormentam vossa calma?
E quantos rótulos descrevem minha alma?"
Sou dono do meu silêncio, rei da minha pele,
responsável por permitir que o som me atropele.

O barulho que atravessa a janela
diz mais de mim do que dela.