Encarou o espelho. Uma. Duas. Três vezes. Nada sentiu. O vento que batia pela janela misturava odores: um toque de café amargo com o requinte do caminhão de lixo. Pareceu sentir também algum incenso de canela, mas desconsiderou tal aroma. Bateu de frente ao espelho pela quarta vez. Olhava seus poucos fios de cabelo, exigentes por um banho; somente sentia ali a calvície do amanhã. Olhava as unhas a serem cortadas, e não tinha o menor ânimo. A barba a ser feita, tampouco lhe incomodara. As remelas nos olhos, quase lhe encaravam de volta, tamanha a preguiça de limpar o rosto.
Ao ver seu reflexo pela quinta vez resolveu se dar ao luxo de uma bela ducha de poucos segundos. O suficiente para lavar o corpo e pelos com sabão em pedra comprado a R$ 0,99 no mercadinho abandonado, na rua seguinte a sua casa. A água era pouca, mas maior que a vontade de ali estar. No chuveiro, pensava com clareza, "essa vida anônima ainda vai me matar". Possivelmente, errado não estaria.
Eram 04h35 da madrugada. A escuridão ainda banhava os moradores de rua e os gatos selvagens do bairro. O sono, tardou outra vez a aparecer. Sabe-se lá se viria. Deixando o roupão no caminho até a cozinha, gratificou-se com um copo de uísque já pronto - depois resmungou a qualidade do mesmo - e permaneceu alguns minutos na janela pensando como a vida era mesmo trivial.
Tola e trivial. E não era isso que a deixava simples e bela? O trivial era revestido, como quase tudo no humano, de uma falsa complexidade e uma pretensiosa descrição de superioridade. Mas não, na janela e em seus pensamentos, o que se sabia, é que era trivial. O leitor sabe o ponto em que me detenho. Quando faz seu café da madrugada, pronto a arriscar os pés na rua para mais um dia de trabalho, em meio ao nascer do Sol que nem se deitou, sabe do que estamos conversando. Era trivial. E parece ser ainda mais quando a gente se dá conta. E não parece?
Eram 04h35 da madrugada. A escuridão ainda banhava os moradores de rua e os gatos selvagens do bairro. O sono, tardou outra vez a aparecer. Sabe-se lá se viria. Deixando o roupão no caminho até a cozinha, gratificou-se com um copo de uísque já pronto - depois resmungou a qualidade do mesmo - e permaneceu alguns minutos na janela pensando como a vida era mesmo trivial.
Tola e trivial. E não era isso que a deixava simples e bela? O trivial era revestido, como quase tudo no humano, de uma falsa complexidade e uma pretensiosa descrição de superioridade. Mas não, na janela e em seus pensamentos, o que se sabia, é que era trivial. O leitor sabe o ponto em que me detenho. Quando faz seu café da madrugada, pronto a arriscar os pés na rua para mais um dia de trabalho, em meio ao nascer do Sol que nem se deitou, sabe do que estamos conversando. Era trivial. E parece ser ainda mais quando a gente se dá conta. E não parece?
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