31 de maio de 2017

Pseudohaicai de L.C.



"Toca
o gato
o rato na ceia

quem está de barriga cheia?"



(Haicai de Lucas Manfredo)

28 de maio de 2017

O ponto


Até que ponto viver
ponto final.
ou ponto de interrogação?

Ir até a Lua
ou até a rua
olhando-a?

Dúvidas que assombram
dúvidas que ali, sobram
na sombra
na obra
na dobra da esquina.
 

24 de maio de 2017

até que o b vire a


Costumeira confusão
seja o olhar com fuso
(o tempo passa, desuso)
confusa razão.

Mania de fusão
do dito ali
do dito acolá
até que na boca
o b vire a

e caia no ouvido
cheio de cera
aí, já sim, era
uma vez disseram
outra vez repetiram

cruzamento de falas
ou eles mentiram?

Atrás, o outro ou vindo ou levando
o que ou viu ou ouviu
ou nem ambos.

(Cá entre nós
nós de marinheiro
quem está puto
com o mundo
faz do mundo
um puteiro)

?
 


21 de maio de 2017

TV, Toda Vez (a mesma coisa)


Que é sem dó
o verso com nó
inverso é só

que resta, sem rima.

Música boa, soa
e-ecoa nos ouvidos


vai vendo
o que acontece
pelo mundo
só baderna.
Põe no mudo.



Comentário:

o pessimismo
é o melhor otimismo.

18 de maio de 2017

Viver


Viver é tudo que há de ser feito na vida.
O resto, é como discurso de advogado,
é justificativa para suportar o próprio vazio.

Viver.
Dispensa a poesia.
Dispensa o cálculo
Dispensa a metafísica.

16 de maio de 2017

Eco: competência dos fofoqueiros


O eco das palavras, a velocidade do que é dito
paredes que dialogam, paredes que tem ouvido
o limite do verbo, a distância percorrida: infinito.

O eco dos discursos, ondas sonoras até o alheio.
Do inteiro, chega apenas metade da parte do meio.
O dito é distorcido, torcido, assim tem sido, ido.

O eco do ser é seu verbal. Seu silêncio também.
Não basta somente dizer. É necessário calar
e deixar quem queria escutar, enlouquecer.

"Não alimente os animais", dizia a placa do bosque
é uma questão de senso, de obviedade:
não dar tanta trela para qualquer novidade.

O eco faz do cotidiano uma novela
uma dramaturgia mexicana
um inferno de Dante relançado semanalmente.

O eco é a competência dos fofoqueiros
é a posse dos fúteis.

O 'dizer de' para 'quem', é a fórmula
do não se conhecer, da falta de habilidade social.
É o fracasso do conhecimento
da falta de filosofia de vida.

 

10 de maio de 2017

O silêncio, os medos, a coisa estranha


Reflexões.

O silêncio que não se esgota nas palavras.
Tudo por medo de conviver com a solidão.
Acabar, como um qualquer, em qualquer lugar.
Medo da monotonia, do velho, do mesmo.
No fim, o temor se torna realidade.
Independente do status, do cargo, do poder econômico.
Econômica é a vida.

O silêncio, o pai de toda oração
Seja ela religiosa, seja ela moral
Quem sabe até um verso atirado na cara
No meio de uma discussão de casal.
Não se esgota. Raramente é enfrentado.

Falar, algo extremamente necessário.
Ouvir então, não poderia ser o contrário.
Se ouvir ao falar. Ser ouvinte do próprio discurso.
Coisa estranha, coisa estranha, coisa estranha.

O silêncio é que tem que ser dito, anunciado.
Tem que ser discutido, revisado, analisado.
Mas façam tudo isso em silêncio, por favor.

E não te parece que o Sol berra em cores
O que tão constantemente tens pensado?
Pois sim, a luz também é cansaço.
A luz, as vezes, são trevas, o despertar
Para muitos, é o descaso do cotidiano.

Reflexões.
Não são de hoje. São do tempo.
Diversos temas infernizam o ambiente.
Que tudo se exploda em silêncio.