28 de março de 2018

De pressão cotidiana



Quer: escuridão e o som do próprio respirar;
porém lhe asseguram o exato contrário;
sentir-se vago, amarrado, enclausurado,
mas não: quilos de pó, maquiar o silêncio,
uma roupa bonita, leve sorriso no rosto,
e deixar-se levar por aí, como se vivo estivesse.

Quase um corpo perfeito, se não fosse a perfeição.
Parecia-me uma poesia drummondiana mas
com uma gramática polida demais, gera desconfiança.

Uma pausa para esse poema- descrição.

Tenho escrito-o por meio dos meus próprios olhos.
Erro nesse ponto. Noutros mais, também.
O que acontece na literatura é um pouco disso.
O que esse ser, angustiado, poderia dizer-nos?

Não sei, não sei.

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