28 de janeiro de 2020

/s/





Se nada a dizer, nada diga.
Amaciar versos em ouvidos rasos?
Deixe isso para os demais.
Você não; soluce, se for o caso.
Borbulhe mas não mostre aos demais.
Não diga o que querem escutar
Em hipótese alguma.
Se embriagado, te desafie ao particular.
Introspectivo mundo tão solitário.

Mas, se nada a dizer, nada diga.
Só morre de fome quem atenção
a vazios umbigos mendiga.
O melhor é calar. Quando a carne enrubesce,
e os sentidos enfurecidos esperam uma conclusão,
o melhor é calar. E eu estou a repetir para que entendas.

Pois que, se nada a dizer, nada diga.
Tampouco se perca a escutar. Não, bobagem.
Vá mais um gole. Dessa vez, mantenha a amargura na garganta.
Você não; não precisa disso.
Nunca precisou. Agora se render? E para quê?

Se nada a dizer, nada diga.
Eis ai a melhor contribuição.
Todos são crescidos o suficiente
e se conselho fosse bom, gratuito não seria.
Assim como de/s/graça é a poesia.
 


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