Poema ao mentalismo e doutrinas dualistas

N
    \
      Ego
    /
C

quem
aquele
(acre) dita
tamanha bobagem,

alquimistas da selva de pedra
fazendo do metal, pura merda
homo neandertal psicanalitium
seu dualismo te levará
a lugar nenhum...

Jung, Bion, Lacan,
negligenciam o óbvio
clamando a mente sã

mente que ninguém viu,
criando diversos conceitos
se preenchendo de algo vazio.

r -ego
o monismo
o cinismo
pr -ego o criacionismo na cruz.

Tom de cinza

Tu olha ao redor, vê tudo em pane

não sabe para onde ir, nem porque está

enfim, observa da janela do apartamento

o lamento dos carros na rodovia

e tudo passa, tudo passa, tudo não passa

de uma metáfora estranha, que vai definhando

tanto teu cérebro quanto o céu.

Tu olha ao redor, o loop infinito

deserto de criatividade entre os versos que compomos

para ninguém ler.

Outro dia que se esvai, outro dia pronto para sê-lo

vê-lo acordar, em desespero.

Parou pra pensar na morte, meu bem?

Doces sentimentos que atravessam a escuridão

que escuridão?

nenhum poste desliga até que seja 06h da manhã.

E de manhã, o inferno vem te visitar

sob a forma da rotina

sua retina cansada

de olhar para aquela sala de aula

e ver adolescentes sendo peixes sem aquários

secando, tanto teu tempo quanto as próprias vidas.

Parou pra pensar na vida, meu caro?

Tu olha ao redor, e o redor te olha

parece um ponto pálido

em meio ao mundo mais pálido ainda,

tudo tem tom de cinza.

tom de cinza

um tom

um tanto

ranzinza

são os outros

Zé não era aquele cara que só faz o bem...

Aos ares, socos
nunca encontrou paz
sempre em sufocos
não se via, capaz.

Uma poesia inteira
de sons silenciados
dormir era besteira
olhos esbugalhados.

No fim do enterro
todos ali já choravam
gotas que não esgotavam
a vida toda, um erro.

Exceto quando ela
foice.

Suf ocos

Só Sol Ser II

Vai verbalizar
ou alisar o verbo
enquanto
silencio e
                           :

           me que
 b
    ro?

Que tem errado
palavra chovendo
pra tolo lado

Quero ver crê
n'aquilo que não se viu
será que vai valê
vivê cheio du tal vazio?


vê problemas demais
os probe humano
é só
pó
e mazelas animais

Só Sol Ser I

Encarar as coisas

como o mar encara

o vento,

assim

querer, eu quero,

só me falta

o talento. 

Haicais adaptativos

Formigas
amigas
carregam folhas

peixes
solitários
com suas bolhas

humanos
dizem ter

escolhas

A origem do mudo

estalo meu dedo
um só segundo
em segredo
recrio o mundo

tudo, sozinho faço
sou deus e origem
no todo me invento
no topo me despedaço

faço-me nada
sou do ócio
servo e dono
vivo lembrado
no abandono.

Memórias de um sargento de termos e conceitos

Ciência

será que deu
certo
só por coincidência?
Ou por incidência?
Aquilo provado
não pode ser negado

psicanálise é a mãe das crendices,
a mente é só um termo inventado,
veio um sujeito criando termos novos para problemas velhos
cara, estou cansado disso tudo, pensei. Tem tanto a se estudar
por aí, as moitas, os animais, a etologia, o comportamento,
e vem esses esquizofrênicos me falar de energia corporal
dai-me paciência (ao menos paz, ao menos ciência)
se soubesse antes, estaria na biologia, etologia comparada,
algo assim.

bem, ai me recordo que há empirismo nesse mundo de dualistas
leio Leminski, misturo com Sidman,
um só poesia, outro mirando o ambiente e relações funcionais

na verdade mesmo só queria ser como as estrelas ou os animais.