Tu olha ao redor, vê tudo em pane
não sabe para onde ir, nem porque está
enfim, observa da janela do apartamento
o lamento dos carros na rodovia
e tudo passa, tudo passa, tudo não passa
de uma metáfora estranha, que vai definhando
tanto teu cérebro quanto o céu.
Tu olha ao redor, o loop infinito
deserto de criatividade entre os versos que compomos
para ninguém ler.
Outro dia que se esvai, outro dia pronto para sê-lo
vê-lo acordar, em desespero.
Parou pra pensar na morte, meu bem?
Doces sentimentos que atravessam a escuridão
que escuridão?
nenhum poste desliga até que seja 06h da manhã.
E de manhã, o inferno vem te visitar
sob a forma da rotina
sua retina cansada
de olhar para aquela sala de aula
e ver adolescentes sendo peixes sem aquários
secando, tanto teu tempo quanto as próprias vidas.
Parou pra pensar na vida, meu caro?
Tu olha ao redor, e o redor te olha
parece um ponto pálido
em meio ao mundo mais pálido ainda,
tudo tem tom de cinza.
tom de cinza
um tom
um tanto
ranzinza
são os outros
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