20 de setembro de 2018

De que Messias estamos falando?

 
 
Escuto dizer com frequência: o voto é secreto. Porém, é de saber comum que as consequências do comportamento de votar, essas, não são secretas. Inclusive, são de fácil previsibilidade, a depender das políticas públicas do candidato em questão.

Uma excelente forma de conhecer as propostas de seu candidato/ de sua candidata é ler o projeto de governo dele/dela.

Claramente, os preceitos morais estão em jogo nessas eleições: Bolsonaro tem sido apoiado por Evangélicos e Católicos, em sua maioria. Homens, brancos e com formação acadêmica também são grupos que estão a eleger o sujeito em questão.

Faço um apelo a coerência de pessoas que estão nesse grupo religioso, a saber. Por favor, analisem as propostas. Não é meu intuito questionar seu voto. Meu intuito é questionar valores. É questionar os interesses e ideais. É questionar as consequências do nosso comportamento. É possibilitar um momento de reflexão, mais do que de discussão.

Costumeiramente, em seus discursos, e de seu vice, palavras de ódio são proferidas contra grupos sociais. Não só minorias. Ele já declarou seu ódio para com as mulheres. Por diversas vezes, inclusive.

Bolsonaro é a favor do porte de armas para a população. Me dirigindo aos amigos evangélicos e católicos que acessam o Blog: Jesus, enquanto pessoa, defendia a paz e o respeito, não o ódio, o armamento, a ignorância. Não apedrejar os que pecam, pelo contrário, ajuda-los para viverem uma vida de paz, amor e sabedoria. Jesus oferecia a outra face, multiplicava os peixes, atendia os interesses dos pobres. Bolsonaro apoiou as reformas do Temer, prega a segregação, atende os interesses dos bancos e ricos. É esse o modelo a ser defendido?

Bolsonaro defende privatizações, em excesso. Defende a política do "quem tem mais, paga menos; quem tem menos, paga mais". É justo tirarmos dos mais pobres? É justo doarmos o que é público para os interesses dos magnatas do poder? Se uma estatal não está funcionando direito, há de investir e corrigir os problemas, não simplesmente vender os bens públicos. Essa ideia de "reduzir custos", na verdade, é de extrema ignorância. Ficaremos reféns dos interesses exploratórios do mercado, dos banqueiros, dos que não dão a cara a tapa. O serviço público não tem funcionado direito porque o investimento tem sido baixo. O SUS não é um problema, é uma solução. Se privatizarmos tudo, acreditam mesmo que as empresas privadas vão se preocupar com quem mais precisa, com o povo, conosco? Bolsonaro é a versão Temer Popular.

Bolsonaro, além de tudo, desconhece o valor do contato social, que as igrejas conhecem bem, pois trabalham a cooperatividade e a ajuda mútua. Recentemente, o candidato em questão, defendeu que as crianças sejam educadas em casa, argumentando que na escola pouco aprendem. A ignorância tem seus custos. A escola não é somente um lugar de aprendizagem de matemática e português, é lugar de convívio e partilha. Lugar de civilidade e convivência. Jesus, novamente faço esse apelo, ensinava na Sinagoga, atraia multidões para partilhar com eles palavras de amor, conforto e gratidão. Não por menos, foi crucificado por isso. Os docentes, por muito tempo, estão sendo crucificados por isso. Um verdadeiro professor, Jesus sabia o valor social que o conhecimento trazia.

Eu poderia enumerar outras quinhentas mil coisas. Como por exemplo o fato da equipe de Bolsonaro ter espalhado, por diversas vezes, notícias falsas para prejudicar outros candidatos. Jesus, ao contrário, repudiava a mentira e, além de tudo, ensinava o que hoje se chama de caminho da verdade e da vida.

Não caiam em propaganda de marqueteiro de político. Os valores morais que Bolsonaro diz defender, são incoerentes com todas as suas práticas. Não sou religioso, mas tenho fé de que a humanidade não se deixará ser guiada por práticas subversivas. Muitos tem me dito que vão votar nesse cidadão por ele ser anti-PT. Não é necessário votar em alguém só por ser contrário a algo. Existem outros candidatos, outras propostas que certamente podem e devem ser estudadas por cada um de nós.

Não sou contra quem vota no Bolsonaro, penso que é preciso entender os porquês de tal prática tão prejudicial a nossa nação. Apenas repito, principalmente aos de religião evangélica e católica que estão a ler: pense em seus valores, pense nas consequências desastrosas que podem ocorrer. Espero que a religião seja uma forma de trazer paz, amor e solidariedade ao mundo. Não um mecanismo de exploração e alienação. Não é com preconceitos e ódio, tão disseminados na campanha desse sujeito que mudaremos algo. Jesus, Bashô, Cruz e Souza, entre outros, como Leminski nos revela, eram profetas de boas palavras, de boas práticas culturais, de amor e cooperação; não de preconceito e ódio.

Por fim, deixo um verso do Paulo Leminski, para que seja claro o óbvio que vos comunico:

"Eu, hoje, acordei mais cedo
e, azul, tive uma ideia clara.
Só existe um segredo.
Tudo está na cara".

2 comentários:

  1. Todo messias é, per si, um perigo em potencial. Dois mil anos de cristianismo não me deixam mentir.

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