... ao passo que, para que se tenha um falante, é necessário que se tenha um ouvinte treinado para se comportar em relação ao conjunto de verbalizações de quem diz.
Deixo aqui a profecia: se nossa espécie sobreviver a longo prazo (alguns anos já são longo prazo nesse caso), possivelmente o Comportamento Verbal de tipo Vocal, tenderá a assumir aos poucos uma forma cada vez mais rudimentar, até que desapareça. E não me refiro ao estético. Tampouco ao que se mostra belo.
É que para haver utilidade no comportamento verbal, é indispensável um ouvinte: onde estão nossos ouvintes competentes? E nós, temos nos escutado? Servimos de ouvinte para o nosso operante verbal? Ou boa parte de nossas vocalizações somente são dirigidas a outros seres humanos? Se escutar é doloroso. Assim, não haverá função em se comportar verbalmente e a bolha ontogenética e particularizada será ainda mais recorrente, isolando aos povos e as comunidades.
E, se não temos nos escutado, ao outro escutaremos? Duvido por demais. Agora deixarei algumas frases análogas a aquelas frases de caminhões:
"Em um mundo de falantes, ouvintes são raros e caros"
"Quem não escuta, se oculta"
"Ligue a TV, leia as manchetes e seja feliz!"
"É que do ouvido se olvida..."
"O importante é falar bonito e convencer no grito"
"até o café tem açúcar para adoçar seu ego"
"um povo está morto quando abandona suas praças"
"escutai: não os ui e os ai, mas a senhora no ponto de ônibus"
"quem não ouve nem ou nem vê"
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