11 de março de 2019

E hoje, e hoje, e hoje, e...



Entre as partes suprimidas de momentos
singulares universos se dispersam
criam-se nadas, fantasias, dores, lamentos
e o que mais couber no vulgar esquecido
pois ali há muito, muito mesmo, não antes
que as nuvens a encobrir toda poeira possível.

Certo desconforto. Há, sem dúvida. Nenhuma é
outras não são, um é um, em qualquer lugar.
A artimanha velada da poesia enaltecida
serve como forma de passar a limpo num ambiente fictício
(qualquer zelo pelo hoje aqui some)
de contornos aversivos e aprazíveis.

Escreve a mão que se ausenta da palavra
uso distorcido que exerce - oh, sociedade!
A cada amanhã, um ontem que morre solitário
vagando cego pela chance de ser ele próprio
um amanhã também. Ainda que entre as partes suprimidas
de momentos singulares universos se dispersam
e, assim caminha o hoje, o hoje, e o hoje também. 

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