28 de maio de 2016

Vírgulas que não adianta

De que adianta fingir o bom estado
e viver como Atlas, condenado?

De que adianta se esconder do medo
e viver remendando versos, bêbado? 

De que adianta sorrir no meu idioma
as falsidades escancaradas no alheio?

De que adianta me entupir de soma
quando quero mesmo tua boca, teu seio?

De que adianta adiantar-me ao amanhã
se não sei ao certo o próximo segundo?

De que adianta ter a mente sã
enquanto minh'alma é vazio profundo?

De que adiantaria, adianta ou adiantou
ser e escrever outro poema que não sou?

Não, caro leitor, esse jogo nunca mais,
sou mesmo essa metamorfose ridícula,
mas nunca mais ponho ponto
onde quero sutilmente por a vírgula ,,,,



(ainda que sem sentido,
afinal, que sentido
isso tem tido?

o amor sempre acaba em prosa
e bebida, e em outro amor e em outro vício e verso
mas com o amor de antes, não mais converso,
aquilo nunca foi amor, era uma romaria para o céu,
e de céu já estou cansado,
valeria mais se ela fosse, mulher diabo).

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