2 de janeiro de 2018

Meia-noite, meio-eu



Todos com seus celulares, celebrando o ano novo
(devem estar se divertindo tanto!)
O tempo nublado estraga parte do que chamam de festa
(nublado os pensamentos e as falsas amizades)
não há quase ninguém nas ruas
(ela está lotada de corpos ocos)
estou farto; e nem posso dizer que é de tanto comer
(farto dos felizes anos novos, das festividades).

Meia-noite.

Rojões. Poluição que não só sonora.
Poluição: assim como adicionam componentes no ecossistema
adiciono ao meu corpo doses de álcool; dessa vez
não por prazer, mas por receio de manter-me sóbrio
enquanto seres estranhos invadem os quarteirões.

Mantenho-me longe do otimismo. Assim, quem sabe,
me alegro no fim desse calendário novo;
pois, otimismo, é para os débeis. É fácil ser otimista.
A dificuldade está no desastre. Está no enfrentamento
da crua e nua realidade.
Ser otimista, pois que...
Otimistas não mudam. Pois se mudassem algo, não seriam otimistas.

Meio-dia.
Meio-cansado.
Meio-meio.
Meio-ao-meio.

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