7 de novembro de 2017
Introdução ao contexto
deixai o enigma do entendimento para os que leem
os escritores só rabiscam e deturpam versos
não são coerentes, nem querem assim; a maestria
das frases de efeito que o diga, o verbo arremessado
cante aqui o que tendo dizer.
deixai os sonetos e a contagem de sílabas para gramáticos
os que inventam ordem no caos;
os escritores são dementes, clementes por imediatez
ficam a brincar com algo tão seco de vida.
deixai os questionamentos para os epistemólogos,
as análises de conflitos internos inventados para os psicanalistas
as lamúrias para o funcionário público,
as dores da profissão para os docentes doces inocentes,
a poesia é, somente e para, controle.
Sim! Pensais, tolo, que as estrofes não são para controlar,
desviar opiniões, convencer-lhes?
Que o objetivo tem o escritor que não o de manipular
suaves olhares? Para que os efeitos, feitos e enfeites?
Enquanto comentam a política, enquanto discutem o clima,
enquanto analisam variáveis, enquanto sustentam hipóteses,
enquanto defecam, dormem, riem, choram, sufocam, falam;
lá está o escritor! Lá está, a lhes observar, dominar, dando-te forma,
manejando com controlada aleatoriedade as palavras que fincarão
a estaca versada no teu comportamento.
E se perguntarão o significado daquele poema...
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