28 de dezembro de 2017

Reloj, ajedrez y nadie



Café, chá, café.
Enclausurado.
Depois de certo tempo, se toma gosto.
Se sente confortável.
Por vezes, até ousa encarar o Sol.
Para convencê-lo de deixar o posto para a Lua.

Café, chá, café.
Exercício.
O relógio.
Um livro de xadrez.
Um livro de Borges.
Um livro de Skinner.

Uma partida, blitz, cinco minutos.
O adversário me vence.
Revanche.
Se ganha fácil na segunda.
Quando se conhece as variáveis.

Café, café, café, chá.
Um descanso longo de quinze minutos.
Me sinto completo.

Admiro, as vezes, a mediocridade do existir.

Quanto menos esforço faço, mais as coisas vão acontecendo.
Não sou de bancar o herói. Nunca fui.
Deixo-me isolar por uns instantes.
Seja no xadrez, seja nas estantes.
Seja no depois, no agora, no antes.

Viver assim, sem muitas surpresas, talvez
a melhor solução.

Pra quê mesmo uma vida de altos e baixos?
Pra quê mesmo uma vida cheia de emoções?
Os aplausos, as vaias. Pra quê?

O básico.
O arroz e o feijão.
O simples.

Café, café, café. Xeque-mate.

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