Pensar
na vida é pensar que agora mesmo, em questão de milionésimos de segundos, tudo
estará desfeito. Não dispensarei o clichê de dizer que a única certeza da vida
é a morte. Apenas reescrevo a frase para que se adapte ao meu desejo “as únicas
certezas da vida são a morte e o enquanto”. Sim, o enquanto! Enquanto houver
tempo, haverá enquanto. Enquanto houver enquanto, haverá tempo. Mas só por
enquanto. Ou por encanto, vai saber.
Em
termos tingidos, a vida não tem se mostrado tão impossível, tão dramática quantos
alguns dizem (ou fingem drama ou são verdadeiramente negativos), o único drama
quem inventa é o nosso eu pessoal. E parece que dificultar o simples e
simplificar a incógnita é minha linha de (anti) raciocínio.
Dia
desses pensando em nada (para ver, talvez, se entendia tudo), me surpreendi com
a noção de morte que não tenho. Sinceramente nunca pensei na morte como inicio
nem como continuidade e tampouco como fim. Para que pensar nisso como
transitoriedade? E por que (raios de) deveria imaginar como sendo a linha
contínua desse corpo, dessa alma, desse espírito, novo, mas já tão cansado? A
morte é a liberdade da vida. Nesses casos e em tantos mais, prefiro não ser
livre, anseio essa mediocridade da vida, gosto do sabor amargo do mate e do
café, dos bel-prazeres que a vida me dá, gosto da paz e no fundo até mesmo da
desordem. Encanta-me o ócio e a poesia. Tai uma coisa engraçada e sensacional.
A poesia. Ela torna transcendente o simples... Mortal. Quer algo mais divino
que ser lembrado por versos que dizem tanto de si e dizem tanto de tudo?
Por
egoísmo não pondero na exausta definição dos dicionários. Existem tantos
egoísmos que seria asneira enumerá-los, ou tentar. Porém, carrego o principal
egoísmo: aquela que cá a pouco bem proferi, a poesia. Não se espante! Poesia é
puro egoísmo. Mesmo querendo dizer do orbe alheio, dos valores mundanos que eternizam
os nossos incômodos e bendizes, bah, só narramos de nós mesmos. É egoísmo, sem
deixar de ser prodigioso. E quem disse que egoísmos são apenas egos estufados?
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