13 de novembro de 2015

Eis que...

Das minhas palavras
surgiu o universo,
fui eu quem tudo criei
no primeiro dia
fiz tudo num só verso,
noutros só descansei;
por meio da poesia
por meio da solidão
por meio do eterno nada:
inventei a gnosia
e tanta coisa, rapaz,
por meio do palavrão,
eis o motivo de tanta cagada.

Foi num só verso
que se mostrou perverso
e não encontrei rima,
por isso o poema
é o que é
e nunca obra-prima.

Agora, canso da vida
e não encontro saída
senão com tudo acabar.

O verbo nunca foi divino
e desde menino
era a carne que interessava:
a palavra sempre foi, sem dúvida,
sem sombra, mera escrava.

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