Madrugada, e logo o dia virá
atormentar os espíritos que vivem
felizes na confortável caverna da noite,
esperando e contando as horas
para esperar e contar as horas do amanhã.
Madrugada, e não faz diferença
se as luzes ainda estão acesas, processando
versos infinitos na nossa mente
infeliz mente, que não sabe descansar,
que não sabe desligar desse inferno
mundo.
Madrugada, e os escritores solitários
tramam juntos no silêncio silibino
a morte de folhas e folhas traçadas em vão,
folhas ávidas por silêncio e paz,
folhas que para nós nunca são apenas folhas,
são o nosso outono, o nosso inverno
fingindo ser primavera,
fingindo sorrisos e sendo verdadeiramente
cínico. A vida é que debocha de nós.
Madrugada, nós rimos compulsivamente
para não enfrentar nossos medos.
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