16 de novembro de 2016

As pernas que passam no centro


As pernas que passam no centro
passam depressa para onde não sei.
Desesperadas, correm rumo
ao objetivo de nossa espécie: nenhum.

As pernas que passam
passam e pasmam com seus reflexos.
Rugas que se olham na vitrine da loja
a idade que nos deixa, perplexos.

Agora pouco, uma senhora
com seus pouco mais de cinquenta
pergunta-me a hora
e passa, como a perna, e se ausenta.

Queria ter respondido
que era hora de refletir
mas cego pós-modernista
só sabe refletir o umbigo
naquela vitrine da loja
do verso anterior.

As pernas que passam no centro
passam no centro do meu poema.
Não que isso seja algum problema.
Mas me é estranho, que pernas tão diversas
possam ser versadas e confundidas
se se observa a velocidade com que passam
no centro.

Prefiro a pedra de Drumonnd,
que fica por aí, no centro,
procurando pernas para ficar no caminho
e ser versada,
sem por quê
e mais nada.

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