26 de fevereiro de 2017

Lá...



O vento, entrando vagarosamente pela janela,
enquanto meus dedos vagueiam teu cabelo
enquanto meus pensamentos perambulam no escuro
enquanto desejos se elevam e minguam
enquanto as nuvens encobrem a lua e as estrelas
enquanto todo verso se perde no existir
enquanto o enquanto existe.

O vento, entrando vagarosamente pela janela,
lá fora os pássaros vão ao Sul
ficamos aqui, parados, juntos e separados
pela noite sublime, completa em sua simplicidade,
os vaga-lumes vagam em postes, a coruja
encara o universo, observando a própria solidão,
a lagartixa, aleatória no teto, parece sorrir.

Vem a questão. O que é que estou sentindo?
Sei lá, sei não. Estou bem, só sei disso, te quero bem.
Seu rosto, ao qual já reconheço os contornos e expressões,
parece calmo. Eu começo a sorrir, e me contento
com a existência.

Em algum momento se faz necessário entender
que quase nada pode ser tudo, que alguém por perto
é essência.

O vento, desse havia me esquecido,
esse não é um poema sobre o vento, afinal
é sobre ti, sobre estar bem.


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