8 de fevereiro de 2017

Mono diálogo


Olha só! Quanto tempo! Como você está?
Quais tem sido as novidades rotineiras dos teus dias
Banhados de mesmice e prosas das mais diversas e sempre iguais?
Tudo tão diferente desde a ultima vez que nos vimos, não?
O mundo está tão enlouquecido, tão violento, esses tempos assaltaram
Fulano amigo de ciclano. Minha avó também dizia que o mundo estava mais violento.
A bisavó também. Não sei, afinal.

E seus pais, vão bem? Está namorando?
Trocou de carro, sério? Que interessante! Não sabia
Que tu terminou a faculdade. Mestrado também? Começando doutorado?
Que incrível, tu deve estar bem feliz com esses papeis novos
Que te deram após anos e anos de estudo. Lembro como se fosse ontem
Quando terminamos o ensino médio, ou melhor, menos que médio.

Mudou de casa? Três quartos e ainda com suíte? Que fantástico!
Tem tempo para um café? Ah, de fato! Havia me esquecido de tua ocupação.
Cargo novo, status elevado em uma bela empresa, feita de cimento e falsidade,
Meus parabéns! É realmente uma grande conquista. Imagino que estejam todos felizes
Por ti. Falando nos outros... mentira! Então teu irmão foi para a fortaleza do Tio Sam?
Que grande prestígio!

Agora, falemos de algo que realmente importa?
Pois sim, que tudo o que me disse e me perdoe o cinismo até então,
Me é de todo inútil. Que me importa teus diplomas e novas posses?
Quando não se tem tempo para um café, um simples café, uma conversa
Um refrão de um papo repleto de devaneios e filosofias de bar.
Que desejo se pode ter em manter um contato assim?

(Parte dois)

Quatro anos depois, as partes desse diálogo (monólogo versado),
se reencontraram. Nada diferente, uma preocupada em tagarelar suas conquistas,
Outra preocupada em se despreocupar e beirar o cinismo ocidental
E dessa última, não tiro a razão, não.

E tu, tens tempo para um café? Ou uma cerveja, caso prefira e pague.
 

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