23 de abril de 2017

Coerção, dinamites, carne e osso


Ser livre na sociedade? Esse trem tão coercitivo?
Tem jeito não, coisa louca, cada verso composto
é uma dinamite, tem que estar morto e vivo,
acordar as cinco, trocar de pele, máscara, rosto.

Como é que se diz o que tem que ser dito
se o silêncio é ofensa e o verbo um insulto
se já julgam estranho, asqueroso, esquisito,
que o sujeito é aquilo, que o sujeito é inculto?

Dizer de liberdade? Tolice.
No país das maravilhas só Alice.
Aqui é pedra sobre pedra, selva com muro
claridade demais nesse céu ainda escuro.

Ninguém dorme, isso não,
trabalha desde cedo o Sr. Cidadão
que nem nome no poema tem.

Mas se sabe que falar é bobagem
que escrever poesia é arte do passado
que olhar nos olhos é viagem
que o negócio é se comunicar pelo celular
(mesmo estando ao lado?) Sim.

Ser livre, mas me diga, o que é a liberdade?
Isso é só pra gente sentir culpa?
Só pra justificar ignorância de algum superior?
Ou quem sabe pra manter a desigualdade
vai dizer que o Sol nasce pra todos?
que existe a tal meritocracia, democracia e cracia não sei mais o que?

Vê se acorda
vê, se a corda
já está no pescoço

daquele
daquilo
pois carne pra alguns tem
e viver só de osso, é osso.

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