2 de janeiro de 2017

Noturno


A noite é uma puta
sem sentimentos, sem profundidade
e todos esses poetas malditos
ficam ai, escrevendo versos, como
se alguém se importasse,

vão todos à merda, ninguém
verdadeiramente ninguém se preocupa,
e nesse exato momento, a Lua
me intimida, com seu feitiço
as estrelas me encaram, e a rua
com suas vozes, que agora são poucas
canta uma canção estranha.

Amo a noite, a madrugada com suas rimas,
sem exigência, ela nos aquece, nos idolatra
nos permite. O que quisermos. E quase ninguém
vai se importar. Estarão dormindo, e tens o ronco do amigo
como sacrifício da moralidade. Tudo é válido, tudo.

Alguns animais transbordam seus verbos
aos ouvidos do olvidado. Escuto a poesia do vento,
o aroma do manto negro enaltece os espíritos, é sagrado.
O pouco do sagrado que me resta, que me vale. 

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