13 de janeiro de 2017

Voz


Tem a voz
que tem um timbre
que vem pausada, com certo sufoco
que vem quente, muito quente,
por vezes serelepe, vezes deprimente.

Tem a voz,
que não é qualquer coisa
é teu gemido, teu legado, teu medo,
e é tudo por essa voz, doce,
como se fosse tudo tudo devorar
e se pergunta
"mando ao diabo, ou devo orar?"

Tem a voz
que te atormenta
quando está presente.
Que te atormenta
quando de repente, ausenta.
Tem a voz
tem a voz, quando se junta
quando está a sós,
quando tem um pouco de eu
quando tem um pouco desse tu
nesse nós, nesses lençóis.

Tem a voz
tem o sopro do vento
tem a voz
tem teu silêncio
brusco, único, violento,
e tem a voz.

Tem a voz
a sublime repetição dos versos
almejando tornar real para outros a tal da voz,
perfeita, atroz.

A sublime repetição dos dias
e dos zumbidos humanos.

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