20 de janeiro de 2016

Ainda não tão sincero

Pra ser sincero, ao pensar a vida
desanimo, nunca fui de muitas palavras
e quando falo é mais por desespero que necessidade
coisa que não entendo, pois gosto do silêncio,
a maior invenção jamais criada.

Tenho que ganhar meu dinheiro, comprar o básico,
pagar além do devido para essa ditadura mascarada.
Tenho que fazer algo e ainda assim ser
ridicularizado por vagabundo, ranzinza, por pessoas banais,
tenho (como dizem), que acreditar e ter fé
nesse maldito deus onipresente, e rezar.

Vão todos para a puta-que-pariu,
com todo respeito, caros leitores. Tenho que ser educado.

Pra ser sincero, trabalho no momento com a tecnologia
mas odeio gigamente todo megabyte, sistema
e aparelhos modernos, educadores de boçais e alienados,
que não sabem ir na rua para saber se está ou não chovendo,
procuram nos seus aplicativos de merda.

Pra ser sincero, já fui tão pouco sincero,
sorri quando queria chorar, calei quando o grito chegou à garganta,
estendi a mão, querendo recuar.

Eis que desprezo o contrato social, mando
alguns filósofos tomarem água de privada.

Pra ser sincero, poesia, maldito refúgio na escuridão,
versos que seriam discussões, brigas e escândalos.

Pra ser sincero, minha garganta arde de sede
mas não lhe pedirei uma só gota d'água.
Meus pés queimam no solo fervente
mas não lhe pedirei sandálias velhas.

Cai a noite, mas o dia
esse sim me parece escuro, sombrio,
e os normais, esses sim me parecem loucos. Absolutamente.

Tomai a vossa razão, é só o que tens.
Bebei do vinho sagrado. Será ainda sagrado na boca da serpente?
Comei dos teus rituais, eis o corpo. Católicos-canibais.
Pra ser sincero, não bateis na porta
se for para pregar a santidade,
em quatro paredes, todos somos diabos
acorrentados nessa quase liberdade, pior que prisão.

Pra ser sincero, ponto final, preciso de um café.

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