30 de janeiro de 2016

Um momento

Só por um momento
queria não ouvir
qualquer ruído, qualquer a ou b,
só por um momento;

Acordar, tomar meu café,
e, depois, ao entrar no ônibus
notar que não há ninguém.
Nem o chofer nem os passageiros
daquela lata de sardinha.

Só por um momento
queria não querer
nem querer-te nem querer-me,
queria não saber
o tanto que deveria saber
o tanto que sei
e o tanto que nunca saberei,
queria não saber da minha ignorância,
tampouco escutar elogios. Críticas menos ainda.

Só por um momento
queria  não ter que ver
nem sentir. Nada por completo.
Só por um momento
as estrelas seriam tudo que eu precisaria,
seriam paz e poesia
no meio da selva.

Só por um momento
nada de prédios, tédios ou remédios,
nada de tecnologia, byte ou canções,
nada de sons, imagens, ou vozes,
nada de ego e id, só por um momento
eterno momento, enigma.

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