22 de setembro de 2016

Orelha Vulcânica III



Dizem de liberdade.
Dizem de prática libertadora.
Dizem de livre-arbítrio.
Dizem de Indeterminismo.
Dizem, apenas dizem,
é mais fácil dizer que
todo mundo escolhe.

E por que dizem assim?
Ah... essa sociedade coercitiva,
sempre servindo aos seus senhores,
aos seus deuses personificados ou não.

Animal, como outro qualquer,
encantador, como essa vida toda.
Não basta estar vivo e ver que a vida
é tão profunda
que acrescentar algo mais
é menosprezar o próprio Existir?
Apenas retardamos a possibilidade
de um amanhã melhor do que esse hoje.

Dizem que o pobre é assim porque quer.
Dizem que quem tem depressão está assim porque quer.
E não dá, em definitivo, ainda que isso seja apenas poesia,
para resolvermos nossos problemas ou entender os outros
enquanto acharmos que as pessoas sofrem porque se intencionam
a sofrer.
Enquanto dizermos que o drogado se droga porque quer ou
porque escolheu se drogar.

E há quem insista,
há quem bata palma,
há quem escute sem criticar,
há quem repita

bobagens, bobagens, bobagens,

E nestes versos nada versados
deposito as falácias das quais
alguns já estão cansados, cansados.

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