2 de dezembro de 2016

Cores amarelas e prosa


Fingindo estar sempre bem, para que outros possam sorrir
O tempo devorando os lábios, o espaço apagando tuas pegadas
Frente ao mar de ansiedade e convulsão verbal que demonstras
O melhor é correr, eternamente correr, e para onde, para onde?

Eu não sei. Apenas escrevo essa mísera poesia, como forma de agradecer-te
Pelo desespero que proporcionas ao meu olhar.
E se debate, e lutas contra teu próprio exército, choras.
Já não sabes a hora e para onde voltar quando o Sol desaparece dos nossos sonhos.

Segues. Finges bem. Finges bem estar amando mais esse dia.
Como um demente consciente da própria doença, tampas a ferida.
Mas quando sorrir, teus dentes amarelados espantarão os angelicais
Demônios desse mundo. Se lhe serve essa prosa, eles também fingem.

Fingem tão bem! Fingem também! E fingem, fingem.
(É só isso que sabem fazer, além de fingir que não fingem).
Não há nenhum problema, não necessitas da maquiagem
Que usas para (escancarar ainda mais os teus rancores) disfarçar.

Tu, que voltas a cair, e a tua boca, dominada pelo silêncio
Sepulcral silêncio dos teus lábios, que se esquivam veemente dos desejos.
A vida, nada mais o que já sabemos, todos. O resto, tédio e farsa.
Queres a perpétua satisfação dos quereres? Ou morrer com eles?

Fingindo estar sempre bem, ela desperta.
Tão logo possa, voltará para o deserto, para o cemitério de quatro paredes. Quarto.
Quando não finge estar bem,
ai sim, desencantando o insensível, consegue sorrir sem as cores amarelas,
e então, desperta, encantadora, com o pouco de real que há na tal "realidade",
e já não queres volver ao teu paraíso infernal.

Eu não sei. Nunca sei se compreendes meus versos.

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