27 de dezembro de 2016

Graves


 
São só minhas palavras, vagas, desnudas ao vento

Chegando ao seus belos ouvidos, cobertos de teorias e filosofias banais

Que despejo aos milhares. Como podes? Escutar-me e ainda por cima,

Preocupar-te com minhas lamúrias e problematizações.

Sem dúvida alguma, tens problemas, e dos graves,

Não se presta atenção aos versos de quem escreve, jamais.
 

Como um anjo decaído, poeta é coisa que adentra teu paraíso

Te arrasta para o inferno, com meras palavras e simples lábia e lábio,

Quando vês, estás assim, sendo escrita pelas poesias diabólicas

E ainda achas graça, te encanta com isto? Ah, mas sem dúvida,

Tens problemas.

São só minhas nada humildes prosas, cheias de meu ego, vazias de animação, porque esses adjetivos

não me visitam.


Te pergunto, o que nisto tudo vale a pena? Será que é por não valer

Que vale? Não, não sei, não pode ser, é o todo tão mesquinho,

E as pernas que passam nos centros, calçadões, shoppings (ria)

São tão ávidas por novidade. E eu, a única novidade que lhe ofereço

É a ausência de novidades. Sou sempre o mesmo, sempre esse mesmo.

Cru, de desejos simples, que não virão dos supermercados.

Na verdade, alguns até podem de lá sair: cervejas, carnes, cafés.


De resto, quase nada me interessa. E ainda assim, (ainda assim)

Te preocupas com minhas falas. Ah!

Por isso, não digo que te amo, porque não amo,

Mas te quero por perto, bem perto, e feliz, bem feliz.

(Porém, fique sabendo, tu tens problemas,

Não que eu não tenha).



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