Assim, eu e o silêncio
caminhamos juntos por duas horas
todos os dias.
Eu vou correndo
ele me seguindo
vamos nós dois, indo
para onde as palavras não chegam,
na verdade, até chegam,
mas passam sem valor
sem sentido algum, e somos nós dois.
Eu e o silêncio,
quase uma dezena de quilometro pela frente,
até sermos, no meio do caminho, três,
eu, o silêncio e o suor.
Depois, são algumas horas mais de uma noite
feita para ser escrita, não sentida,
feita para os morcegos fanáticos pela obra
de não pregar os olhos no travesseiro,
feita para, novamente em silêncio,
não precisar dizer nada, pois calando me entendo
melhor. E calando me entendem melhor também.
Assim, na gaveta, na primeira gaveta para ser exato,
algumas palavras dormem em folhas tortas
por natureza. Elas dormem, eu e o silêncio não.
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