É nesse falso mundo que componho
nesse mundo de verdades absolutas
onde o poeta é o único Deus,
quer criticar, devorar pessoas, fingir
se importar com as flores alheias,
fingir e como ele, rir, lá do trono,
enquanto heróis desconhecidos morrem
pelas mãos dos vilões declarados.
É tudo falso. Nada que se possa dizer
é realmente verídico. Que se possa dizer.
No entanto, as palavras de exaltação
são as mesmas que enforcam o escritor,
e mesmo que nada seja real,
não deixa de ser uma bela ilusão,
e todo início no fundo é
uma ode para a morte, para o fim.
Sem palmas, sem o rico último ato
tudo termina quando o poema acaba,
tudo termina quando o poeta se cansa
de fingir.
E então,
a criação de despedaça como xícara ao chão,
os cacos são ignorados,
e, além do poema, nada mudou.
Faço meu café, forte, como o Sol dessa cidade,
e volto a ser eu mesmo, mero personagem
de poemas desconhecidos,
entregue, quem sabe, na mente delirante
de um escritor supremo,
o Acaso. E só ele.
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