2 de dezembro de 2015

Caminhada II

É no ato de correr, na prática do caminhar
que as ideias surgem livres e deliberadamente rarefeitas
sob a forma da respiração ofegante.

A alma tem liberdade, o espírito traduz no movimento
a sua rotineira prisão verbal, e os olhos
traçam no asfalto prosas e versos que, ao anotar,
não são mais os mesmos.

E poesia é isso
aquilo que era para ser escrito
acaba por ficar omisso
e o que não era
os outros acham bonito,

não como Leminski.
O que escrevo não vira sucesso,
raramente vira verso,
se vira, se vira para ser o inverso.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Comente. Sempre é conveniente.