I - Foi então que notei
a torre era a mais alta da cidade.
Mas logo errei,
como todos só olhei a metade.
Preocupada em ser a mais alta
ela deixou o principal em falta.
Olhavam para o alto e ela ali estava
ninguém se deu conta de que algo faltava.
Apesar de sua grandeza notável
a torre pareceu-me instável.
Resolvi observar o chão ao seu redor
e constatei que cada vez que ela crescia
o aspecto ao seu lado era pior
e qualquer vida ali logo logo morreria.
Nesse desejo por grandeza
deixou para a morte, de bandeja,
já vista a maior profundeza.
E outros sentiam inveja.
Faltava o alicerce.
E apesar de mais alta, mais vistosa, mais detalhada
sem o alicerce ela se tornou como sempre: nada
além de pó. A diferença é que sua queda
foi, sem dúvida alguma, a maior merda
e respingou pra todo lado.
II - E perto dela
algo
era, as vezes,
admirado pela janela
de um sábio.
Considerado louco
quando viram o mesmo
que ele,
a glória foi pouco:
viram nada
e olhavam todos a esmo.
Felizes como nunca
admiravam aquela
espelunca,
pela bela janela
todos eram felizes:
um ponto da cidade
o nada existia:
vida cheia demais
é vida vazia.
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