13 de outubro de 2015

Favere, Mefistófeles! (uma ode a Goethe)

No meio do rebanho, alguém anseia pelo novilho
pela carne e pelo sangue derramado no cálice,
algo se move nas florestas de Mefistófeles,
algo dança, areia movediça, dança esperando
dança feliz nos Campos Elísios.

Todos estão felizes, e o lobo se assemelha a eles.
Ninguém sente a presença do terror, o caos virá,
o Caos, a luz que não se deixa sombrear, e brilha.
O intelecto revoltado, o sábio sanguinário, esse
que poucos parecem dar vida, sai da toca e ganha forma
quem será, quem será, quem será a presa
presa na pressa, e quem será a sobremesa?
No meio do rebanho, hienas não são bem vindas. Nunca serão.

E não são Dois. Ó, o que arma a cilada
e o que se submete ao poder, são apenas um,
não existe a multiplicidade. O Dois é Uno.

No meio do rebanho, o voraz se ergue e ruge,
a multidão não se dá conta plenamente, mas
alguns se dispersam, fogem para onde? Do que fogem?
O sangue...
Quem se importa? O Homem Terrestre é apenas
uma sobra, uma sombra, do homem celestial que há de vir,
e surgem no solo, homens de barros,
homens que a dor não é capaz de atingir, homens-deuses.
Zohar.

Simão. Fausto. Seria Dositheus filho de qual deus?
No meio do rebanho, não há mais rebanho, somente lobos
homens de sabedoria maligna, gênios: mephiz e tofel.
O sangue, a carne, tudo feito. Mas na boca
um gosto amargo de doce derrota, entre os lobos
um se revolta contra a revolta. Lobos se matam,
por fim, a guerra recomeça entre o novo rebanho, alcateia.

Mefistófeles se faz presente de novo, a guerra recomeça.
No meio do rebanho alguém anseia pela paz, mas paz só pela guerra. 

 

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