10 de outubro de 2015

O nada, a carne e o verbo

Conceber o nada; maldição filosófica.
Que o verbo se faça carne, alicerce,
mas que a carne, não, nunca se faça verbo.

Conceber o nada; e das nádegas oceânicas
dessa inexistência parir o concreto e o abstrato
mas que a carne não se faça verbo.

Conceber o nada; estaria talvez usando
um termo ridículo e chulo que vaga
pelo pai dos burros como um verbete cego?

Conceber o nada; essa macroestrutura
cederá a um único termo ermo?
mas que a carne divinamente humana não
se faça verbo.

Conceber o nada; a lei, a moral, a ética,
todas elas falsas, nada passa de nada,
e a carne não tem nenhuma tradução.

Conceber o nada; eis a essência de tudo.
Dói a vértebra, as cores somem, numa pauta
filo-só-fica a dúvida e a carne,
adeus verbo.

Conceber o nada; o que a filosofia tediosa
insiste em devorar em debates acalorados
escrevo sem muita enrolação nessa prosa
tratando de deixar os verbos encarnados.

Conceber o nada.
Conceber a carne.
O verbo divino é o silêncio, rapaz,
o silêncio que a carne trás.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Comente. Sempre é conveniente.