28 de outubro de 2015

Ao persistirem os sintomas a poesia deverá ser consultada II

Caro consumidor, não leia
a bula. Ela fala demais
não existe verdade meia:
nenhuma verdade trás paz.

Caro consumidor, qual o sintoma?
leia Huxley - uma pílula de soma -
ou leia uma dose de Capra:
não julgue o livro pela capa.

Caro consumidor, persista
perante a dor que exista:
a poesia deverá ser consultada
quando não se sente nada.

Caro consumidor, ficou surpreso?
ninguém que nada sinta
sai na verdade da dor ileso:
dor nenhuma está extinta.

Caro consumidor, eis o óbvio!
a poesia que ninguém viu:
todo mundo cheio, imenso vazio.

Caro consumidor, eis o concreto!
a verdade abstrata é o certo
e ao persistirem os sintomas
veja e consulte o sábio
ou o sabiá:
esqueça os diplomas nas paredes.

Caro consumidor,
não se consuma pela dor
em suma: eis o amor.

As vezes o sintoma é a poesia:
e a dor é apenas, do acaso, cortesia.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Comente. Sempre é conveniente.