Caro consumidor, não leia
a bula. Ela fala demais
não existe verdade meia:
nenhuma verdade trás paz.
Caro consumidor, qual o sintoma?
leia Huxley - uma pílula de soma -
ou leia uma dose de Capra:
não julgue o livro pela capa.
Caro consumidor, persista
perante a dor que exista:
a poesia deverá ser consultada
quando não se sente nada.
Caro consumidor, ficou surpreso?
ninguém que nada sinta
sai na verdade da dor ileso:
dor nenhuma está extinta.
Caro consumidor, eis o óbvio!
a poesia que ninguém viu:
todo mundo cheio, imenso vazio.
Caro consumidor, eis o concreto!
a verdade abstrata é o certo
e ao persistirem os sintomas
veja e consulte o sábio
ou o sabiá:
esqueça os diplomas nas paredes.
Caro consumidor,
não se consuma pela dor
em suma: eis o amor.
As vezes o sintoma é a poesia:
e a dor é apenas, do acaso, cortesia.
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