Foi então que entendi
vivendo na escravidão
eles se sentiam livres,
nada que se fizesse
para tornar efetiva a liberdade
seria levado em consideração.
A liberdade dos pensantes
idealizada nas poesias utópicas
e livros,
não é, jamais será, nunca foi,
a liberdade da média, da massa.
E como pode escravidão
ser considerado liberdade?
E como pode liberdade
ser considerado escravidão?
Olhei para o lado
estavam todos ali
os corpos e as pílulas
da felicidade;
o ócio, não encontrei,
eles não podem parar
o movimento, a ideia de movimento,
é poder, é o ser em sua essência.
Os que vivem, que não existem para sobreviver,
que não nasceram para a rotina e tampouco para serem
como os outros, esses, descobrem por fim
que estão presos à liberdade que cavaram,
pois reconhecem e abstraem seus atos e vozes mentais,
isso os perturbarão desde ontem até o amanhã,
conceitos, expressões, ideias, tudo levará ao inferno.
Não tente mudar o que não se incomoda
com as situações do mundo,
eles são felizes. Para que entristecê-los
com balelas filosóficas, conceitos e teorias?
Deixai-os, bem queira que não tomem
consciência da podridão humana.
Deixai-os alienados, pois não sabem que estão
não sentem que estão. Só nós (?) vemos.
Diria Nietzsche, só nós escutamos
a (maldita) canção!
Liberdade é não estar livre
mas se sentir liberto.
Escravidão é se sentir aprisionado
por saber e ser livre.
Eis a pedra, eis os fatos, eis a crueldade
lançada no Jardim do Éden e na caixa de Pandora.
O "livre" é o escravo.
O escravo, liberdade plena.