26 de março de 2016

Reclamações e outras

Os versos, esses me abandonaram por várias noites,
pude, enfim, dormir em paz, sem pensamentos mirabolantes
evocando imagens e arquétipos variados
sem demônios, que me assombram e riem um riso esquizofrênico
e frenético nos meus sonhos, eternos pesadelos,
o vinho me libertou, por alguns dias, do cansaço e do café,
tudo quedou então, mais suave. Não plenamente.

Meus dias tem sido de menos estresse, já não me importo
com as ladainhas alheias, com as tagarelices dos mais próximos,
com os olhares de repúdio dos mais distantes.
Não me importo com as reclamações dos meus parentes
que de parentes só os dentes.
 Já não perco a cabeça com a babaquice do boçal
nem com a crença cega dos fieis, que doam seus salários
ao deus que lhes serve. Que Deus os leve.

Minhas noites tem sido de menos sofrimento, sou eu
e o travesseiro. Os tormentos tem sido menores, apenas imagino
que lá fora tudo está bem. Não há problemas em nenhum canto.
Me iludo, um pouco de vinho, um pouco de chimarrão. Zen.
Mas acordo, sei que sim, com os fatais e intermináveis sofrimentos
da miséria que assola os mortais. Aqueles que dormem com a Lua
na rua. E isso não tem nada de poético. Nem o ponto do verso.

A vida, em seu caráter primário, um pé no saco,
uma ressaca constante. O trabalho me consome.
O estudo me consome. Os outros me consomem.
E eu também, me consumo. Sumo. E consumo produtos
dos quais não preciso. Dos quais nunca precisei.

A vida, em seu caráter secundário, vai bem.
Misantropia que passa com o tempo, o café mais amargo,
a adolescência com tom de velhice. Boina, clássicos e livros.
Que jovem que preze a juventude vive assim?
Mas dizem os mais achegados (os que acham que são mais achegados)
que tenho espírito de idoso.

E essas poesias estão cada vez piores, e cada vez mais sem sentido final.
Mera reclamação. Mero... boa noite leitores.

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