Jornais impressos circulam pela cidade
uma notícia urgente a cada momento
um momento a cada notícia urgente
nenhuma diferença, tudo de momento.
O café está posto, pronto para ser devorado
ainda quente pelas almas apressadas,
o ônibus está para passar, passou
e o cidadão pragueja com o condutor
com o café, com os deuses, que riem, riem,
procura-se emprego, procura-se doméstica,
procura-se o que não se procura mais,
não se contrata, estamos em crise,
crise de identidade, crise de bode expiatório,
crise salarial e humana, crise de crase
crise do quase, do grave, do agrave, síncrise
diácrise da crise, crise até na psicanálise.
Epícrise.
Reprise
da crise.
A cidade não para, a cidade faz do ontem o hoje
e do hoje o amanhã, que será sempre.
Que será sempre e que não será nada além de sonho.
Utopia do depois. O tempo é fetiche.
Tudo é urgente, urgente até apertando (-lhe) o pescoço
urgente tanto quando (não sei) inimaginável, ridículo.
Um novo dia.
Jornais impressos circulam pela cidade
folhas insignificantes que significam demais
esse nada indemonstrável, impalpável.
Crise
urgente, notícia.
a verdade
é só mais uma
mentira propícia.
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