7 de julho de 2016

Café e assuntos paralelos I


Acompanho, na mesa do meu local favorito
Um poema de Vinicius de Moraes, visto e escrito.

O personagem, um homem, bancando o sensual
e ela, de tola nada, se fazendo difícil, sabendo o final.

Ele, assunto fraco, dizendo de si ao vento.
Para meu espanto, ou ela é fácil, ou ele tem talento.

Música ao fundo, um calmo romance
eu, prendendo o riso, observando de relance.

O café, sem açúcar, a vida, do mesmo jeito
até um caso simples faz meu dia, perfeito.

Ela ri, já está entregue, esperando
a cartada final, a rima e o quando,

ela, pequena, perfume adocicado,
ele, mediano, expressão de estar cansado.

Eu, com três cadeiras vazias na mesa,
rindo dos outros, ficando na mesma.

Mas, no meu canto,
nessa cafeteria
que já fora vazia
e se enche
perdendo sua essência:
a perfeita solidão
o rock gaúcho
o silêncio, plena eloquência.


A vida. O café que acaba,
sem que a garçonete, saiba.

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