9 de julho de 2016

Ladainha moralista


Não diga que esperava mais de mim
quando nem eu mesmo espero algo diferente
dos meus atos, dos meus simplórios atos e repetições.

Esperar algo dos outros, é algo estranho,
e digo com simplicidade nessas palavras,
a estupidez de crer na ação de outrem, qualquer que seja.

Não diga aos outros suas expectativas especulativas
vivas de falsas ilusões que guardam mundos ilusórios
n'onde há um pote de ouro após o arco-íris. Que arco-íris?

Não diga que estou sendo pessimista,
cabisbaixo ou guardião de velhas ladainhas trágicas.

Não, em nenhum momento minhas palavras te suplicaram a leitura.

Sim, sei o quanto é difícil evitar o ofício de ser verso e edifício
para canalhas que se dizem amigos. Também eu me aventuro
neste talento de atrair moralistas, e escuridão em mundo de luz.

Não espere nada. O pouco,
se fará agradável. Será o necessário
para o que chamam de felicidade.

Só queira não tanto querer
pois é de rimas simples
que se aprende a viver,

mas não espere, não acredite no verbo
nem no clero. Tampouco no zero a esquerda
ou no herói dos quadrinhos dessa vida ilustrada
em controversas, mágoas, e gargalhadas copiosas.

Mas lembre-se, nem só de drama vive o poeta.
Ele também é um falso moralista, um em vários.
Qualquer um, como outro, qualquer. 

 Duvide dessas poesias esquizofrênicas que pregam filosofias
que pregam o caos, que pregam a felicidade pelo mínimo.
Não espere nada do que escrevo. Minha prosa não é feita
de verdades absolutas. Nem de alto-relevo.

Verdades meias, mentiras, onde quer que leias.
Ou sinceridade plena na tinta digitada do meu poema?
Quem sabe ainda, mentira cabeluda. Eis o dilema.


(Mas não espere nada. De ninguém). 

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