17 de fevereiro de 2016

Alma de velho, jeito de criança I

Dizer o que não se sabe
dançar o que não se dança
Sei que num verso cabe
meu jeito adulto-criança.

A pressa não terá vez
os carros terão que esperar
atravesso a rua no mês
ou quando a vontade chegar.

Sorrio, claro, bem pouco,
se gargalho é na solidão,
pareço até meio louco
andando nessa contramão.

Cardumes vão todos para a rede
e não estou afim de virar janta,
quero atravessar a parede
dormir no inferno, acordar em terra santa.

Ovelhas serão devoradas e cordeiros sacrificados
eu, que de bobo não tenho muito,
vou seguindo, na paz, meu intuito
de ficar só, sozinho, olhando para todos os lados.

Dizer o que não sei
dançar o que não se dança
em casa de rei
sou quase Sancho Pança.

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