Por fim o silêncio consumirá nossas vozes
a morte ceifará nossos desejos e liberdade
haverá lágrimas e sede, canibais atrozes
se lambuzarão com a nossa castidade,
as borboletas morrerão ou ficarão escuras
as damas abandonarão seus espelhos e frescuras
todos nós correremos, dispersos, janta
que cai na teia, tarde demais para se debater
de nada, nadinha de nada adianta
rezar. Vamos todos nesse belo dia morrer.
Por fim as crenças serão dispensáveis
as dores terão de vez sua cura,
os atores dessa novela eram amáveis
mas transbordarão medo e loucura!
Por fim as reclamações e angústias
terão um espaço por sobre o solo quente,
carros rasgarão ruas e vias
na velocidade duma estrela cadente.
De nada adiantará, retardará o sofrimento
a culpa que recai sobre Atlas
a regeneração do órgão de Hércules.
Por fim, morte. Finda a luz
os que sobrarem perderão a vergonha
caminharão tristes e nus,
e ai, ai de quem quando dorme sonha
com um mundo feliz.
Somos todos diabos travestidos
de Francisco de Assis.
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