10 de fevereiro de 2016

Pássaros suicidas I

Pássaro, a ponte para o dia,
é o raro e a primavera.

Pássaro, escreve a poesia,
desenha o que se espera.

Pássaro, longe vai, voa,
para o sul. Para o norte.

Pássaro, o canto entoa,
à toa está a morte.

Pássaro, tome com o bico
minhoca ali da terra.

Pássaro, enquanto rabisco
no rabisco não se erra?

Pássaro, se a folha está em branco
nada me impede que eu faça.

Pássaro, se do caderno a arranco
perdido estou, desgraça.

Pássaro, para onde quer voar
toda gente desse formigueiro?

Pássaro, para onde tenha ar
e que sobre um bom dinheiro.

Pássaro, falando de verso em verso
percebo algo distinto.

Pássaro, meu sentimento inverso
faz do outro, vazio bonito.

Pássaro, rabiscos são só rabiscos,
não pode haver mistério.

Pássaro, em meio a tantos riscos
como alguém ainda me leva a sério?

Pássaro, o raro e a primavera
tocam harpa celestial
enquanto a chuva cai.

Pássaro, puro bolero
a vida ser o que espero.

Pássaro. Pássaro.
Em meio ao caos
te ter é raro.

Inferno celestial das ideias
chove haicai
e pássaros se suicidam.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Comente. Sempre é conveniente.